Todo sábado, pela manhã bem cedo, a Estrada de Aldeia começa a tomar uma nova forma. Se durante a semana o comércio na pista se restringe às barracas de frutas e verduras e um ou outro vendedor de plantas, nos sábados uma infinidade de comerciantes informais se instalam com suas mercadorias ao longo da PE-27, especialmente entre os quilômetros 7 e 12, para aproveitar o movimento natural de moradores que saem para fazer compras e de visitantes que vêm passar o fim de semana.
Nesses dias é fácil encontrar vendedores que vêm até de outros municípios e pode-se encontrar de tudo: móveis, artesanato, roupas usadas, alimentos prontos e crus e muito mais. Como não existe nenhuma regulamentação municipal, os comerciantes muitas vezes pagam apenas uma taxa aos donos de granjas para colocarem seus produtos na frente de suas propriedades. Mesmo ocupando o acostamento e atrapalhando a passagem de pedestres e ciclistas, o comércio ambulante é uma alternativa para os que não podem pagar o aluguel de uma loja e vem crescendo a cada fim de semana.
O casal Luciana Oliveira, 40, e Moacir Alves, 44, há 9 meses vem de Carpina todo sábado, e às vezes também nos domingos, trazendo móveis e objetos de decoração feitos com pallets. Ela desenha o objeto, ele fabrica, ela faz o acabamento. E, juntos, vendem na Estrada de Aldeia. ‘Nossa produção ainda é pouca porque somos só os dois para fazer tudo, e tanto faz vendermos bem como não vendermos nada, mas temos que persistir se quisermos que dê certo’, diz Luciana, otimista, adiantando que os planos são de terem uma loja. O casal faz mesas, cadeiras, estantes e outros móveis também por encomenda, de acordo com a necessidade do cliente.
Utilizando unicamente material reciclado (pallets usados), as peças variam de acordo com o tamanho e o grau de dificuldade na elaboração. Uma bandeja pintada, por exemplo, custa entre R$ 40 e R$ 60; um caixote de feira com pátina sai por R$ 60. Já um sofá com dois lugares é vendido por R$ 150. Eles ficam nas imediações da Galeria Boulevard, no km 9,8, e o telefone para contato é 9 9667 0939.
Outro casal que resolveu apostar no comércio itinerante de Aldeia foi Manuela Império, 31, e João Bosco, 49. Há três meses eles alugam um espaço na frente de uma granja, também no km 9,8, e vendem comida com a grife Alecrim Itinerante.
João conta que eles têm um restaurante self service em Boa Viagem – chamado Alecrim – e resolveram aproveitar os fins de semana para complementar a renda da família em Aldeia, onde moram há 5 anos. Fazendo uma boa divulgação no Facebook e grupos de Whatsapp de Aldeia, ele conta que começa a receber encomendas na sexta-feira. ‘Logo que eu divulgo o cardápio do fim de semana as pessoas começam a me ligar pedindo pra reservar as quentinhas. A gente chega a vender até 8 quilos de feijoada num fim de semana’, orgulha-se. ‘Tem dias que não sobra nada’.
Além de feijoada, eles servem dobradinha, bobó de camarão, sururu, arroz de polvo, caldeirada, moqueca e muito mais. E também caldinhos diversos, que atraem muita gente no vaivém das compras. Eles têm mesinhas no acostamento e costumam ligar o som do carro para ‘animar o ambiente’. ‘Muita gente encosta para beber uma cervejinha, tomar um caldinho, olhar o movimento da estrada. Já temos tantos clientes assíduos que até criamos um cartão fidelidade. Quem atingir um determinado valor em compras no período de 45 dias ganha um desconto de 10%’, explica.
O Alecrim Itinerante aceita encomendas para eventos e entrega os pratos em casa, se o cliente preferir. É só ligar para 9 8295 1245 ou 9 99727961.
Já em frente ao Villa Aldeia, no km 10, um trailer estaciona toda sexta-feira com queijo de coalho e queijo manteiga, carnes, peixes, guaiamum e frutos do mar. Antônio Carlos Pinheiro, 49, diz que “nasceu e se criou em Aldeia” e há três anos conseguiu comprar o trailer, que antes era uma kombi e antes ainda era uma carrocinha.
Hoje em dia chega a formar fila em frente ao trailer de Antônio Carlos – que tem até nome: Guaiamum Expresso e Peixaria – e há dias que ele volta pra casa sem nenhuma sobra.
O comerciante explica que toma todos os cuidados com a conservação dos alimentos e conta que a Vigilância Sanitária aparece a cada dois meses para verificar a temperatura dos freezers fiscalizar se os produtos têm procedência e registro adequados. ‘Como os supermercados compram em grande quantidade, às vezes podem ter preços melhores que os meus. Por outro lado, e pelo mesmo motivo, consigo produtos mais novos, saudáveis e saborosos’, gaba-se, informando que os queijos vêm de São Bento do Una e os demais produtos, da Ceasa.
O trailer está em Aldeia nas sextas e sábados das 7 às 19h e nos domingos das 7 às 13h.
O Whatsapp de Antônio Carlos é o 9 8732 3607.
Outro que utiliza a Estrada como showroom é Flavio Francisco da Silva, 47, que fabrica móveis rústicos feitos com madeira de jaqueiras. Ele armou um toldo em frente ao antigo Espaço do Saber – hoje parque abandonado de Camaragibe –, no km 11, e ali expõe e vende mesas, cadeiras, bancos, aparadeiras, mesas de centro e outros móveis.
Há tanto tempo no mesmo ponto, Flávio reclama que o movimento ‘é um pouco fraco”, mas acredita que quando as coisas melhorarem vai poder alugar um ponto próprio. Enquanto isso, cuida do espaço. Até mandou um amigo pintar o muro com figuras tocando viola, que o fazem lembrar seu pai.
E quando é época de frutas em seu pomar, ele usa os móveis expostos como tabuleiros para faturar mais um dinheirinho. Uma mesa de dois metros com dois bancos do mesmo comprimento custa R$ 2,5 mil; uma aparadeira pode sair a R$ 1,2 mil e uma mesa de centro varia de R$ 600 a R$ 800.
O telefone para encomendas é 9 8427 2901.
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