Se você mora em Aldeia e usa WhatsApp, provavelmente faz parte, hoje, de um dos grupos de moradores do bairro. Se é mulher, pode estar no grupo das Aldeienses; se é homem, no grupo dos Aldeienses; se vai muito para o Recife, pode estar no Carona Solidária; se participa do Fórum Socioambiental, está na Comunidade Conectada…
Ou seja, dificilmente você ou alguém que você conhece estará fora dessas redes de comunicação e colaboração comunitária que vêm mudando as formas de relacionamento no mundo moderno. Num lugar com as características de Aldeia, vale lembrar, muitas amizades reais terminam se estabelecendo a partir dos grupos.
“O nosso grupo surgiu justamente para que pudéssemos evitar ter que ir para o Recife resolver coisas que poderíamos resolver aqui mesmo. Assim, ao divulgarmos entre nós os produtos e serviços que nós próprias oferecemos, ajudamos umas às outras, ao mesmo tempo em que trocamos informações de interesse da maioria”, explica Kátia Moreira, 29 anos, uma das administradoras do grupo As Aldeienses, hoje o mais concorrido de Aldeia, com 238 participantes, todas do sexo feminino.
Segundo Kátia, é proibida a inclusão de homens no grupo para “garantir às participantes um espaço em que elas possam se manifestar livremente, sem o julgamento masculino”. Criado em 2015, o grupo é bastante movimentado, com uma média de 150 postagens/dia, sendo os principais posts sobre lançamentos e promoções publicados por produtoras e comerciantes locais. No Facebook, onde admitem homens, As Aldeienses têm 871 membros.
Além do mundo virtual, o grupo também funciona no real, com encontros periódicos nos quais as participantes levam seus familiares, realizam sorteios com seus produtos e se divertem.
Do lado masculino, Sylvio Cunha Neto, de 38 anos, criou o Os Aldeienses, em 2016. Ele conta que o objetivo foi, desde o início, a comunicação sobre trânsito, segurança, coleta de lixo e outros assuntos relacionados a Aldeia. “Às vezes falamos de futebol, às vezes falamos de política, mas não é o foco. Aliás, isso é que é importante, pois por não ter muito blá blá blá, as pessoas sabem que quando há alguma postagem, é alguma coisa de interesse, como um acidente que interdita a Estrada, por exemplo”, diz Sylvio.
Bem menos barulhento que o das mulheres, o grupo dos homens tem apenas 28 membros e uma média de 20 a 30 postagens por dia. O Carona Solidária foi um dos primeiros grupos de Aldeia, criado em 2015 no Facebook por professores da Universidade Federal de Pernambuco. A ideia era que, com o compartilhamento de carros, a quantidade de carbono que é jogado na atmosfera fosse reduzida e ao mesmo tempo a interação entre as pessoas que moram em Aldeia pudesse crescer.
A professora Cecília Costa, 43, lembra que tudo começou no Face por uma questão de segurança: só seriam adicionadas pessoas que conhecessem outros membros. Mas logo se viu que o zap era uma ferramenta bem mais dinâmica e hoje o grupo movimenta muita gente, especialmente no trajeto Aldeia/UFPE. O interessado avisa onde está e para onde precisa ir e quem puder dar a carona avalia se aquela pessoa é conhecida no grupo, se já pegou carona com alguém antes etc.
“O grupo se restringe às caronas e assuntos de trânsito, como as condições da estrada, a ocorrência de um acidente, qual o melhor trajeto a ser feito. Ninguém fica postando piadas nem assuntos que não interessam. O grupo funciona realmente muito bem para o que se propõe”, opina Cecília, uma das fundadoras do Carona Solidária e também participante do grupo do Borralho, localidade no km 7. “No grupo do Borralho a gente troca informações sobre queda de energia, problemas com a internet, também organiza caronas e pede coisas emprestadas. É muito útil e tem estreitado bastante os laços entre os vizinhos”, diz.
Outras comunidades como o Oitenta, Chã de Peroba e Mumbeca também têm grupos próprios de WhatsApp.
Um grupo que também costuma ser bem movimentado todos os dias da semana é o Comunidade Conectada, criado pelo Fórum Socioambiental de Aldeia e que inclui não só os membros efetivos da entidade mas também órgãos públicos e privados como Polícias Civil e Militar, secretarias municipais, guarda municipal, Celpe e Compesa. Os 88 participantes do grupo costumam comunicar ocorrências policiais, de trânsito, problemas sobre o descarte de resíduos, queimadas, desmatamentos, perturbação do sossego, entre outros. Como há autoridades representadas no grupo, muitas vezes os problemas ou informações solicitadas são resolvidas naquele espaço mesmo.
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