Era uma vez um lugar chamado Córrego do Burro, em Tabatinga (Aldeia), onde a criminalidade era tanta que nem a polícia queria entrar. Com o tempo e a iniciativa de alguns moradores, o local começou a melhorar, e o ponto de partida foi a mudança de nome: passou a se chamar Loteamento São Jorge e com isso a autoestima dos moradores foi gradativamente se elevando. Ainda muito carente de infraestrutura e serviços públicos, a comunidade – de cerca de 4.500 famílias – hoje tem telefone e transporte público, unidade de saúde, CRAS, uma padaria, dois mercadinhos e dois armazéns de construção.
Muito do que já conquistou, a comunidade deve ao Instituto São Jorge, fundado há cinco anos pelo comerciante Moacir Cabral, 65 anos. O Instituto, que realiza trabalhos sociais com crianças e adultos, oferece atividades de arte e educação para crianças, busca convênios para capacitação profissional dos jovens e adultos e distribui alimentos por meio da articulação com órgãos públicos. Com seu trabalho de formiguinha, Moacir percebe a criminalidade diminuir, mas ainda lamenta a pouca ajuda que recebe. LEIA
Morador daquela localidade há 25 anos, o comerciante abriu sua própria casa para o trabalho voluntário. No primeiro andar ele vive com a esposa e os filhos. No térreo, funciona o Instituto. Ali, durante a semana, uma educadora cedida pela Prefeitura de Camaragibe toma conta de cerca de 50 crianças, divididas nos dois turnos, enquanto suas mães saem para trabalhar. É o que Moacir chama de “Serviço de Convivência”.
“Eu acredito que só há um jeito para o Brasil: creche e escola pública em tempo integral. Só assim vamos acabar com o ciclo de ignorância que existe hoje, quando os pais não têm educação para educar os filhos”, analisa o comerciante, que é diretor do Instituto (o presidente é seu filho Jofeson Cabral). “Aqui não temos condições de oferecer tudo isso, mas já fazemos uma pequena parte”.
Aos sábados, o professor de artes Manoel Martins, também voluntário, passa a tarde ensinando técnicas de desenho e pintura a 60 meninos e meninas da comunidade. A casa vira uma festa com a animação das crianças e o resultado é tão bom que elas já expuseram seus quadros na Arena Pernambuco e na Prefeitura de Camaragibe.
Segundo Moacir Cabral, a intenção é não depender de ajuda política, por isso ele elabora projetos e sai em busca de financiamento. Um desses projetos, que fez muito sucesso, foi para a realização de um curso de eletricista predial de baixa tensão, que formou 20 pessoas.
Já para o recebimento dos hortifrúti do Programa Banco de Alimentos do Sesc, 428 famílias foram inscritas pelo Instituto e recebem os produtos uma vez por mês. O único requisito é ter o Número de Identificação Social (NIS) do Governo Federal. Outro programa articulado pelo Instituto é o Sopa Amiga, com a Ceasa, que distribui sopa e pão todas as quintas-feiras, a 100 famílias do Loteamento São José.
Segundo Moacir Cabral, toda ajuda é importante para a comunidade. Bancado com recursos próprios dele e pelos convênios que consegue firmar com alguns órgãos, o Instituto conta com voluntários que cortam o cabelo dos moradores, fazem o agendamento do cadastramento biométrico, orientam quanto à emissão de documentos, entre outros serviços. Mas há pouca mão de obra para muita gente necessitada.
Quem quiser ajudar ou conhecer melhor o trabalho do Instituto São Jorge deve ligar para 3458-9423 ou 9 8872-3779.
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