O casal de servidores públicos Rafaela Dourado (34) e Rodrigo Mancilha (30) não podia imaginar o tipo de problema que ia encontrar logo nos primeiros dias depois que se mudaram para Aldeia, um mês e pouco atrás. Na primeira manhã, ao abrirem as portas para admirar a paisagem e alegremente comemorar a casa nova com os três cães que criam, Rafa e Rodrigo se depararam com uma infestação de caramujos africanos se arrastando pelo jardim.
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“Foi um desespero, eu nunca tinha ouvido falar que havia essa praga de caramujos em Aldeia, apesar de já ter morado aqui antes. Liguei imediatamente para a veterinária e ela me deixou ainda mais aperreada quando disse que eles podem matar os cachorros e até passar meningite para os seres humanos”, conta Rafaela.
Ali mesmo começou a luta do casal que, com uma pá e um saco, conseguiu catar cerca de 80 caramujos na primeira noite. “A gente juntou um saco bem pesado, fechou e jogou no lixo. Mas no dia seguinte a jardineira estava empestada de novo. Tivemos que arrancar todas as plantas e até ligamos para uma empresa de dedetização, mas nos informaram que não há outra forma de controlar os caramujos que não seja a catação”.
A praga de caramujos africanos em Aldeia, que vira e mexe é assunto nas redes sociais, começou há mais de uma década, quando um professor da Universidade Rural teria trazido alguns espécimes para criar experimentalmente com o objetivo de comercializá-los. Depois, ao descobrir que a espécie não era comercialmente viável, teria abandonado o projeto e deixado as lesmas se proliferarem soltas na região.
Essa versão não é confirmada oficialmente, assim como a introdução dos caracóis ilegalmente no Brasil, na década de 1980, como uma alternativa econômica ao escargot. O que se sabe é que esses moluscos, hermafroditas, chegam a pôr até 500 ovos em cada uma das quatro posturas anuais, daí a se proliferarem tanto.
Segundo Yuri Valença, biólogo do Cetas Tangará, por ser invasor, o caramujo africano causa diversos danos ambientais, principalmente em relação à disputa. “O caramujo aqui vai se alimentar dos recursos de outras espécies, ocupar o espaço delas e pode até chegar a extinguir algumas espécies, porque ele não tem predador natural. Até os animais se adaptarem a usá-los como presas, demora”.
Nos grupos de WhatsApp de Aldeia, onde o casal de servidores públicos procurou ajuda, muitos moradores contam suas experiências e dão dicas. A terapeuta Shiguemi Matsumyia, por exemplo, diz que se a área for muito grande, o ideal é botar um prato raso com cerveja preta no jardim. Segundo ela, os caramujos são atraídos pelo cheiro e no dia seguinte são facilmente capturados, pois ficam grogues e não conseguem ir muito longe. Depois disso, é catar com uma luva, botar num saco com sal e jogar no lixo.
“Pela minha experiência dá pra dizer que depois de três ou quatro dias de catação o número de animais diminui bastante. Aí é só ir repetindo a caça uma vez por semana, depois quinzenalmente, e sempre que aparecer”, explica Shiguemi.
A dica do veterinário Fábio Maschka, da CPRH, também utiliza a bebida para atrair os caramujos: ele enterra um balde rente à terra, coloca dentro uma estopa molhada de cerveja e espera os animais chegarem para, em seguida, eliminá-los.
Já a bióloga Margareth Grillo conta que, depois de catar os animais, ela pisa em cima, calçada, quebra a concha e joga de volta no gramado. A matéria orgânica, diz ela, assim como o calcário da concha, é muito rica para o solo e, então, por que não se livrar de um problema tirando algum proveito dele?
Mas é bom ter cuidado: se for destruir a bicho, é bom quebrar muito bem sua concha, pois além de transmitir doenças quando vivo, pode se transformar num criadouro do mosquito da dengue, se não for descartado da maneira correta. Isso porque a concha pode acumular água de chuva, ambiente preferido dos insetos para se reproduzirem. Ah, e não deixe de eliminar os ovos do caramujo, que ficam na areia. E não esqueça de usar luvas e andar calçado quando for à caça, pois a gosma deixada pelos caramujos pode transmitir doenças!
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