Moradores de Aldeia denunciaram, nos últimos dias, uma grande invasão de terra que está havendo no Vale das Pedreiras (ao sul da Faculdade de Odontologia – FOP) com a derrubada de árvores e queimadas. Por ser parte da Área de Proteção Ambiental (Apa Aldeia-Beberibe), todos os órgãos ligados ao Meio Ambiente foram acionados e vêm tentando conter o movimento, do qual participam diversas famílias sem teto.
“Desde quinta-feira pela manhã já vieram aqui duas vezes as equipes da CPRH, Cipoma e Depoma, que fizeram um bom trabalho identificando e advertindo as famílias que invadiram a área, mas no fim do dia elas voltam e tocam fogo na mata para tentar limpar o terreno onde pretendem se instalar”, conta a moradora de um condomínio que tem vista para a invasão, que cedeu as fotos deste post e que preferiu não se identificar para preservar sua segurança.
Ela conta que desde o início da invasão, na terça-feira passada, vem fotografando o movimento e apelando para todas as autoridades possíveis. No primeiro contato, ouviu do Ibama que deveria enviar a denúncia por escrito e que as providências seriam tomadas em 30 dias. Desesperada de ver uma área tão extensa sendo desmatada – ela calcula em 1,5 metros quadrados -, só no terceiro dia a moradora apelou para a Delegacia do Meio Ambiente (Depoma), que esteve no local e gerou dez autos de infração contra os invasores.
De acordo com o chefe do Setor de Fiscalização Florestal da CPRH, Tiago Lima, por se caracterizar como crime ambiental de menor potencial ofensivo – supressão de vegetação nativa em estágio inicial de regeneração –, as famílias receberam advertência, mas se insistirem no erro, serão multadas em até R$ 5 mil. As principais espécies vegetais presentes na área, segundo ele, são cajueiro, murici, mutamba, embaúba e sambaquim.
“Identificamos pelo menos 30 pessoas de dois grupos distintos. Um grupo chega pela manhã e outro à tarde. Trouxemos drones para localizar as pessoas e mapear os danos ambientais. Também destruímos as barracas (de madeira e lona) e cercas que eles construíram para demarcar os lotes e apreendemos ferramentas. No fim de semana ficaremos de plantão em regime de rodízio – CPRH, Cipoma e Depoma – para não deixar que a invasão continue”, explica Tiago. Segundo ele, os proprietários da área ainda não haviam sido identificados até a tarde desta sexta-feira (5).
Ainda segundo a moradora que denunciou o crime, a área que agora está sendo ameaçada de destruição era uma floresta de Mata Atlântica com diversas espécies nativas e uma fauna rica em animais silvestres.
“Desde que me mudei para Aldeia, há 4 anos e meio, a vista da floresta me encantava. Já fotografei diversos animais, entre eles um bicho-preguiça que apareceu na semana passada. Mas agora sei que ele só apareceu porque estava fugindo do fogo. Imagino que muitos animais devem ter morrido com as queimadas. Se antes era motivo de alegria ver um animal desses passeando perto de casa, agora é uma coisa que me entristece”, diz ela.
Em entrevista ao site Camaragibe Agora, representantes do Movimento de Luta pela Terra (MLT) se identificaram como responsáveis pela invasão e justificaram que não teriam mais condições de pagar aluguel no Vale das Pedreiras, Bairro dos Estados e Jardim Primavera. “Isso aqui não é mata fechada, não tem árvore que não possa ser tirada. A polícia está tentando nos tirar de forma arbitrária. Queremos conversar com a Prefeitura ou a Secretaria de Habitação do Estado para encontrarmos uma solução”, disse um representante. “O terreno está abandonado há mais de 35 anos, inclusive é uma área de desova, foram encontrados vários corpos aqui”, disse outro.
‘Independente de quem é o proprietário da área ou do destino que possa ser dado a ela, o que não pode haver é desmatamento’, resume o servidor da CPRH.
Para denunciar crimes ambientais, ligue para a Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma): (081) 3181-1700.
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