Nesta época do ano, em que o clima está mais seco e a disponibilidade de alimentos na mata é reduzida, não é raro ver timbus se aproximando das residências em Aldeia em busca de comida. Segundo o biólogo do Cetas Tangara, Yuri Valença, o fenômeno é mais recorrente ainda por conta dos desmatamentos provocados pela crescente proliferação de condomínios.
“É simples: como a cada dia tem mais casas em Aldeia e é maior o desmatamento, os animais silvestres têm sua área de alimentação reduzida e vão procurar comida em outros lugares”, resume.
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Alguns aldeienses, como a advogada Angela Cysneiros, moradora do Clube de Campo Alvorada, no km 13, têm relatado o aparecimento de timbus e questionado, nas redes sociais, o que fazer a respeito. Entre os conselhos dados nos grupos, houve a oferta de cachaça ou abacaxi para atrair o bichinho, ou montar uma gatoeira (que não machuca o animal) para capturá-lo e soltá-lo de volta na mata.
Ângela conta que um filhote de timbu vinha aparecendo em sua casa diariamente por volta das 22h. Ele procurava frestas para entrar na casa e, por mais que a advogada tentasse vedar todos os espaços, ele terminava afastando as barreiras (tela de galinheiro, jornais e esponjas) e entrando em busca de comida.
“O jeito foi armar uma gatoeira. Os funcionários do condomínio ajudaram a capturá-lo e depois o levaram para a mata, onde achamos que ele poderia encontrar outros de sua espécie”, conta.
De acordo com o biólogo Yuri, no entanto, esse tipo de providência tomado por Ângela não é 100% eficaz, pois os timbus são marsupiais que determinam território, ou seja, sempre voltam ao local de onde foram expulsos. “A única medida recomendada é fechar a casa e deixar que ele vá procurar alimento em outra parte”, afirma.
Também conhecidos como gambás, os timbus não são parentes dos ratos, mas dos cangurus, e portanto, em geral, não transmitem doenças graves como a leptospirose. São nativos da fauna local, protegidos por lei e têm grande importância na natureza. Onívoros (se alimentam de fontes vegetais e animais), eles contribuem com a restauração das matas, ao comerem frutos e disseminarem suas sementes, e ainda contribuem com o controle do ecossistema comendo carrapatos, baratas, ratos e cobras.
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