Na madrugada do último domingo, 17/3, uma família do km 11 de Aldeia viveu momentos de terror. A casa foi invadida por cinco homens encapuzados e armados que amarraram os moradores enquanto recolhiam objetos de valor e chegaram a agredir fisicamente o dono da casa.
Recentemente um assalto com refém a um estabelecimento comercial no km 10 também repercutiu amplamente nas redes sociais de Aldeia e a sensação de insegurança aumentou ainda mais com a saída da sede da 3ª Companhia da Polícia Militar da região, dois meses atrás.
O posto policial, que funcionava há quase dez anos ao lado do supermercado Villa Aldeia (foto principal), no km 10 da PE-27, foi desativado depois que a Prefeitura de Camaragibe parou de pagar o aluguel do imóvel.
O aluguel era fruto de um convênio firmado desde a instalação do posto, pelo qual a Prefeitura pagava o valor mensal de R$ 1.704,61.
Já em 2017 as relações entre a gestão municipal e o proprietário do imóvel começaram a se desgastar. A Prefeitura atrasava o pagamento. O proprietário ameaçava não renovar o contrato. Como alternativa, o município ofereceu à Polícia um espaço no Núcleo Integrado de Segurança Comunitária (Nisc), que estava para ser implantado no km 5. A Polícia Militar se opôs a essa solução por considerar o ponto distante do “centro” de maior movimentação de Aldeia.
Diante do impasse e da indisposição para o estabelecimento de diálogo entre as partes, e sob a ameaça de retirada da 3ª Cia da PM de Aldeia, o Fórum Socioambiental de Aldeia – entidade da sociedade civil organizada – se mobilizou e intermediou diversas reuniões entre as partes. Conseguiu-se um acordo e o contrato foi renovado. Mas a questão não estava resolvida de forma definitiva.
Nova sede
Como solução, o Fórum Socioambiental foi atrás de empresários de Aldeia que ajudassem a financiar a construção de uma nova sede para o posto policial. Conta o presidente da entidade, Herbert Tejo: “Caímos em campo e conseguimos que os empresários bancassem a elaboração do projeto arquitetônico e civil da nova sede. Depois conseguimos uma área, cedida pela própria Prefeitura dentro do que era o Parque Municipal, no km 11”.
Segundo Herbert, o projeto dos empresários chegou a ser aprovado pela CPRH e uma verba de emenda parlamentar foi destinada, pelo deputado Aluisio Lessa (PSB), para financiar as obras do posto policial. Foi quando, no final do ano passado, a comunidade de Aldeia foi surpreendida com “dois episódios desastrosos”, nas palavras do presidente do Fórum.
“Primeiro houve a tentativa do prefeito de abrir uma estrada cortando o parque, cujo trajeto literalmente atropelava a 3ª Cia., pois rasgava exatamente o espaço onde estava projetada a sede da Polícia. E depois, ainda mais inacreditável, foi a bomba jogada contra a população local, quando o prefeito anunciou a devolução do parque – não só do terreno, mas de todos os equipamentos ali construídos pelas diversas gestões anteriores, ao longo de onze anos, ao suposto antigo proprietário. Voltamos à estaca zero”, lamenta Herbert.
Novo local
No início deste ano, em reunião no Fórum Socioambiental, com a presença do o comandante do 20º BPM, major Luiz Ignácio, o secretário de Segurança de Camaragibe, Délamo Meira, assegurou estar em busca de um novo local para instalar a sede da Companhia.
Sob controle
Enquanto isso, a Polícia Militar afirma, em nota, que “a saída da sede não acarreta perda operacional a área atendida, uma vez que o policiamento estático foi substituído pelo móvel, também eficiente. Além disso, todas as guarnições que atendem a região continuarão realizando seus serviços auxiliadas pelo Gati, CVLI e Motos”.
Sensação de insegurança
Não é o que pensa o empresário Augusto Sousa, que foi abordado por quatro homens e teve seu carro roubado no trevo da Peroba (km 6), pouco antes do Carnaval. Perguntado sobre o assunto, ele é categórico: “Boa parte desses assaltos a lojas, casas e paradas de ônibus que vêm acontecendo nos últimos dois meses têm a ver com a desativação do posto policial de Aldeia. A sensação de insegurança aumentou muito depois disso”.
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