Imagens de satélite divulgadas pela Agência Espacial Europeia (ESA) nas últimas semanas mostram a drástica redução das emissões de gases poluentes na China (1) a partir do início de fevereiro e na Itália (2), a partir de março deste ano, períodos em que foram decretadas quarentenas para esses dois países, que lideram o número de casos e mortes pela COVID-19.
As imagens (acima) mostram uma queda drástica nas concentrações de dióxido de nitrogênio (NO2) na atmosfera – um gás extremamente nocivo para a saúde, que provoca uma série de problemas respiratórios, além de ser um dos principais causadores do efeito estufa. Esse gás é emitido essencialmente por veículos, através da queima de combustíveis fósseis (diesel ou gasolina) e pelas indústrias.
O isolamento das pessoas levou a uma queda da produção industrial e da circulação de veículos, resultando em um cenário raro em várias cidades chinesas – dias ensolarados com céu azul. Pesquisadores estimam inclusive a possibilidade de uma queda nas emissões globais de gases estufa este ano dependendo de quanto tempo durar a pandemia.
Os chineses convivem com problemas de poluição atmosférica há muito tempo devido à alta densidade populacional, grande circulação de veículos e principalmente intensa produção industrial. Durante a pandemia de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), em 2002-2003, também causada por um coronavírus semelhante ao causador da COVID-19, estudos mostraram que as taxas de mortalidade por SARS foram maiores nas cidades mais poluídas (3).
A poluição atmosférica leva a um aumento de doenças respiratórias, além de problemas como hipertensão (4) e diabetes (5), condições que têm sido associadas também aos maiores índices de mortalidade pela COVID-19, que é uma doença que ataca principalmente o sistema respiratório. É de se esperar, portanto, que nas cidades brasileiras mais poluídas os efeitos da COVID-19 sejam mais intensos.
Essa é uma questão que preocupa a todos. Com a queda da economia global devido à pandemia, tememos que para recuperar o tempo perdido, os governos lancem mão de medidas mais poluidoras, ainda mais agressivas ao ambiente. Se observarmos as imagens de satélite da China (1), podemos perceber já um aumento das emissões a partir do início de março, quando as pessoas começam a sair da quarentena e voltar à sua rotina normal.
Queremos isso? Queremos sacrificar mais vidas humanas para garantir interesses econômicos? Acredito (e espero!) que esse período de crise nos fará rever nossas atitudes e prioridades, e o nosso papel na preservação ou destruição do nosso planeta. Podemos ter crescimento econômico com responsabilidade social e ambiental, o que chamamos de “desenvolvimento sustentável”.
Nosso ar puro de Aldeia já está seriamente ameaçado. Estamos vivendo um crescimento insustentável, com o aumento da circulação de automóveis e caminhões, queimadas cada dia mais frequentes, a possibilidade de construção de mais uma termelétrica (6) e a implantação de um trecho do Arco Metropolitano dentro da nossa Área de Proteção Ambiental Aldeia-Beberibe (7). Tudo isso vem contribuindo para a redução da qualidade do ar que respiramos comprometendo nossa saúde e nossa qualidade de vida.
O planeta já está nos dando todas as dicas – a hora de agirmos é agora, ou será tarde demais!
E você, o que está fazendo para reduzir seus impactos no ambiente? Escreva nos comentários, compartilhe suas ideias para juntos criarmos uma Aldeia e um mundo melhor para se viver.
Se você tiver perguntas ou dúvidas sobre este assunto ou tiver sugestão de outros temas a serem tratados na nossa coluna, deixe nos comentários ou envie um e-mail para [email protected] com o título “Aldeia da Gente”.
Imagens: Pixabay; NASA; Greenpeace.
Links:
(1) https://youtu.be/6DWBhp-oKOI (19/03/2020)
(2) https://youtu.be/ARpxtAKsORw (13/03/2020)
(3) https://ehjournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/1476-069X-2-15
(5) https://www.thelancet.com/journals/lanpla/article/PIIS2542-5196(18)30140-2/fulltext
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