Todos os dias recebemos relatos de moradores de Aldeia reclamando de focos de incêndio que provocam fumaça e fuligem, afugentando animais e prejudicando a saúde também dos humanos. Tudo por uma cultura atrasada de queimar lixo e restos de podas, que poderiam se transformar em adubo/fonte de renda. Neste dia de Natal, aconteceu uma tragédia ambiental no km 17 (na entrada de Águas Finas), felizmente sem vítimas humanas. Quantas árvores e espécies de animais foram destruídas ainda não se sabe, mas o estrago tomou enormes proporções e acendeu (sem trocadilhos) um alerta.
No início da tarde, o morador de uma chácara no km 17, Tiago Versalles, observou um foco de fogo no terreno em frente ao de sua casa – a uns 600 metros de distância – e começou a se preocupar quando percebeu que uma fagulha tinha voado para a sua propriedade e estava se transformando num pequeno incêndio. Começava uma das piores tardes de sua vida. Ligou imediatamente para os Bombeiros mas, em menos de uma hora o fogo tinha se alastrado, tomado grande parte da vegetação (que ele e o marido Fritz Kiemle plantaram), e já ameaçava queimar a casa deles.
Nos vídeos gravados por Tiago podem ser vistas as labaredas altas, bem próximas à casa, e a grande quantidade de fumaça que ele e Fritz – que é asmático –inalaram enquanto tentavam, sozinhos, conter as labaredas. No desespero, Fritz ainda caiu e teve um corte profundo na perna.
“Em outubro já havíamos conversado com as pessoas que colocam fogo naquela área sobre o perigo, principalmente nesta época seca, mas infelizmente elas não têm consciência e terminaram provocando uma destruição como essa. Nosso sonho era reflorestar nossos três hectares com espécies nativas, já tínhamos plantados inúmeras mudas. Agora vamos levar tempo para reconstruir o que se perdeu”, lamentou Fritz.
“É muito triste, não podemos dimensionar o número de animais feridos ou mortos, vi várias cobras correndo do fogo… e nossas árvores, as mudas de Mata Atlântica que plantamos sonhando em reflorestar toda a nossa área”, lastimou Tiago.
O biólogo Romero Santos, que rapidamente chegou ao local quando soube do incêndio, ficou desolado com o que viu. Além de muita vegetação queimada, viu um bicho-preguiça carbonizado. “Meu deus, como é possível isso? Como é que as pessoas ainda botam fogo no mato? Não é possível que isso continue a acontecer!”, reclamou.
Socorro
Duas horas depois do primeiro chamado o primeiro caminhão dos Bombeiros chegou ao local. Ao longo da tarde outros três veículos foram enviados para lá e por volta das 19h haviam controlado o fogo e as fagulhas que ainda poderiam representar perigo. Um helicóptero da Secretaria de Defesa Social também sobrevoou o local e uma equipe da Fiscalização da CPRH ficou de visitar o local para apurar se o incêndio foi mesmo criminoso.
Felizmente o fogo não chegou a atingir as casas nem a machucar os moradores, mas isso porque eles estavam em casa e se mobilizaram rapidamente. O episódio deste 25 de dezembro deve servir de alerta e provocar os aldeienses a pensarem em soluções rápidas para casos como este. Uma brigada de incêndios é urgente e necessária. Além disso, a sociedade civil precisa se unir e produzir campanhas de educação ambiental alertando para os perigos do fogo na mata.
*Colaboração Mila Portela
Cadastre-se para receber nossa newsletter.