Já pensou em ajudar pessoas necessitadas e não sabe como? Já imaginou que sua ajuda pode diminuir a violência e a exploração sexual de crianças e adolescentes que moram na sua vizinhança? Já lhe passou pela cabeça que uma pequena, mínima colaboração sua pode transformar a realidade de toda uma comunidade?
Então seja bem-vindo ao Projeto Esthers, uma ONG que trabalha com meninas em situação de vulnerabilidade na comunidade do Vera Cruz, na altura do km 10 da Estrada de Aldeia.
Idealizado pela norte-americana Emily Sutherland que, numa visita ao Recife, em 2001, ficou impressionada ao ver meninas de 12 e 13 anos grávidas e com crianças no colo morando nas ruas, o Projeto Esthers (o nome homenageia a heroína bíblica, Esther, e é também a sigla de End Trafficking Sex for Her, ou “Fim ao Tráfico Sexual de Mulheres”, em tradução livre) foi fundado em 2005 e hoje cuida de 57 meninas de 4 a 18 anos em Aldeia.
Num imóvel alugado na rua João Capistrano de Abreu, no Vera Cruz, o Esthers acolhe meninas, de segunda a quinta-feira, em sua missão de afastá-las da exploração e do abuso sexual, aproximando-as de suas famílias e incentivando a cultura de paz.
O trabalho da organização se estende também à família das meninas, que são chamadas para conversas e se beneficiam de capacitações profissionais. O projeto se articula ainda com a comunidade, empresas e serviços públicos na busca de benefícios para as jovens.
Além do estudo da Bíblia – a fundadora é membro da Igreja Cristã Vineyard, em Clarckson, estado de Michigan (EUA) -, as meninas têm aulas de pintura, croché, inglês e culinária. As que frequentam o projeto pela manhã recebem café da manhã e almoço; as que vão à tarde, almoço e lanche.
As mães das meninas têm a oportunidade de participar de cursos de costura e, no fim do ano passado, três delas abriram microempresas e hoje vendem suas peças – a maioria nos Estados Unidos – e têm uma renda garantida.
A coordenadora do projeto, Gilma de Mascena, explica que há muitas meninas no Vera Cruz vivendo em condições de extrema pobreza, de violência e de abuso sexual em suas próprias casas. ‘Elas são carentes de tudo. Quando chegam aqui, sentem-se acolhidas e, principalmente, seguras’, diz, acrescentando que toda ajuda é muito bem-vinda.
Atualmente o projeto funciona com cinco voluntários – estudantes e aposentados – , duas funcionárias, três diaristas, a fundadora e sua filha, que vivem seis meses do ano no Brasil; nos outros seis meses trabalham captando recursos e resolvendo questões administrativas nos Estados Unidos.
Quem tiver interesse de ajudar o Projeto Esthers pode se cadastrar para doar uma quantia em dinheiro, dedicar parte de seu tempo atuando como voluntário ou, ainda, apadrinhar uma menina. Atualmente, 52 das meninas têm padrinhos norte-americanos.
Mas como as despesas são muito altas e há uma fila de quase 40 meninas querendo participar do Esthers, Emily revela que o ideal é que cada uma tenha um padrinho americano e outro brasileiro,”até porque um padrinho aqui possibilita um relacionamento mais próximo, uma visita, um abraço”. Ela diz acreditar que a população de Aldeia, ao conhecer melhor o projeto e o impacto que ele tem na vida dessas famílias, vai se engajar e ajudá-lo a crescer.
Orgulhosa dos resultados que o projeto vem gerando, Emily cita o exemplo de duas meninas que, depois de passarem dez anos frequentando o Esthers, hoje estão se preparando para ajudar na instituição.
Verônica (o sobrenome não é revelado para preservar a jovem) ganhou uma bolsa e está nos Estados Unidos para cursar uma universidade. E Alessandra participa de uma missão para atender refugiados na Alemanha. Ambas têm o sonho de, no futuro, trabalhar com crianças carentes. Como elas foram.
Mais informações:
81 9 9926 8889
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