Um grupo de moradores de Aldeia, preocupados com a preservação da fauna e da flora da região, formou-se virtualmente no WhatsApp, há poucos meses, com o nome Ecoaldeia. O grupo vem discutindo algumas ações, como a instalação de placas de redução da velocidade para evitar atropelamento de animais, mas na noite da última quinta (04), participou ativamente de uma ação ambiental.
Um dos participantes recebeu um alerta e espalhou a notícia de que havia um gavião-carijó machucado correndo o risco de atropelamento nas imediações do km 14, trecho bastante escuro da Estrada de Aldeia.
Poucos minutos depois, um outro membro do Ecoaldeia, Danilo Veras, que trabalha com falcoaria e mora no km 12,5, pegava seu equipamento e partia para tentar salvar o animal.
“Já que moro perto e tenho o equipamento necessário – luvas de couro, lanterna e caixa para transporte –, topei na hora ajudar a resgatar o gavião”, conta Danilo. Ao chegar ao local indicado pela denúncia e dar umas quatro voltas tentando encontrar o animal com a lanterna, Danilo se deparou com outros dois homens, também com lanternas, procurando o gavião. Eram guardas da brigada ambiental de Camaragibe, também acionados pelo Ecoaldeia para ajudar no resgate.
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“Ficamos andando pela área, tentando localizar o gavião, e chegamos até a passar por ele pensando que era um coco seco, porque ele estava muito quieto e encolhido. E como o gavião-carijó é rajado, se confunde com as cores da terra e das folhas secas”, descreve Danilo. “Até que um dos guardas o avistou e conseguiu pegá-lo. Não sabíamos se ele estava ferido, mas muito provavelmente sim, pois gaviões dormem empoleirados, raramente são vistos no chão à noite”.
Depois de passar a noite na casa de um dos guardas, o gavião finalmente foi levado, na sexta-feira, para o Centro de Triagem de Animais Silvestres da CPRH (Cetas Tangara), também em Aldeia, para reabilitação. Segundo o coordenador do órgão, Yuri Valença, ele chegou com a asa bem quebrada.
“Provavelmente foi vítima de badoque. Acontece muito. Pessoas que criam passarinho atiram com balas de chumbinho ou badoques nos gaviões-carijós que são conhecidos por pegarem passarinhos, mesmo dentro de suas gaiolas. Somente no ano passado recebemos aqui uns 80 animais desse tipo machucados”.
Na segunda-feira o gavião resgatado passará por um raio-x para se saber a intensidade do machucado. Dependendo disso, terá que passar por uma cirurgia e, se isso acontecer, é possível que fique com uma asa menor que a outra, o que o impedirá de voltar a voar. Nesse caso, seu destino será igual ao de muitos animais feridos por seres humanos: passar seus últimos dias no próprio Cetas ou, no máximo, ser transferido para um zoológico.
A CPRH orienta: se alguém se deparar com um animal silvestre machucado ou perdido, ou pessoas caçando ou comercializando bichos em Aldeia, deve ligar para a Brigada Ambiental de Camaragibe (81 3456 7100 ou 153), Cipoma (81 3181 1700) ou CPRH Fauna (81 3182 8905 / 81 3182 8811) que o resgatará e o entregará aos cuidados do Cetas. PS. Gaviões-carijós são a espécie mais comum no Brasil e não representam perigo aos seres humanos, pois só atacam se estiverem com ninho. “Aí eles voam dando rasantes, às vezes batendo na cabeça de quem estiver por perto”, diz Danilo Veras.
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