Todo ano é a mesma coisa: em épocas festivas como o réveillon, fogos de artifício iluminam os céus e quanto mais longos os shows pirotécnicos, mais sucesso tem a festa. Acontece que esses mesmos rojões têm impactos muito negativos na saúde de animais e humanos.
Se são capazes de assustar bebês e idosos e causar pânico em cães e gatos, nas aves os impactos são ainda maiores e pouco conhecidos. Por isso, uma pesquisa colaborativa está rolando nas redes e você pode ajudar os especialistas a entenderem melhor os efeitos dos fogos sobre as aves.
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Patrocinado por entidades de proteção de aves (Avistar Brasil, SaveBrasil, Observatório de Aves Butantan e Hori Consultoria Ambiental), a pesquisa pede que o interessado registre o canto dos pássaros de sua vizinhança em dias normais e nas datas festivas de Natal e Ano Novo.
Para isso, basta preencher um formulário online (http://bit.ly/2PykKgd) respondendo perguntas como a intensidade dos fogos escutados à noite, as espécies de aves que você ouviu ou observou no dia seguinte entre 5h30 e 7h30, data e hora da sua observação.
Sem compreender a origem do barulho causado pelos fogos de artifício, muitas aves se assustam e voam sem direção, chocando-se contra o que estiver pela frente. Pesquisas realizadas em outros países já demonstraram que é grande o número de aves encontradas mortas depois de festas de réveillon, assim como o índice de pássaros que abandonam seus ninhos nos momentos de estresse.
Em áreas como Aldeia, de proteção ambiental, os fogos deveriam ser evitados, se não proibidos. Como todos sabem, a fauna silvestre e os animais domésticos sofrem com os rojões e muitos chegam a ser atropelados ou simplesmente se separam de suas famílias e seu habitat natural durante a fuga.
Segundo a bióloga Natalia Allenpach, do blog A Passarinhóloga, “além do estresse e das mortes de animais, a poluição é outro efeito que costuma ser ignorado. Tanto o processo de fabricação dos fogos como a sua queima liberam percloratos, que contaminam o ar e corpos d’água. Estas substâncias inibem o funcionamento da glândula tireoide, alterando o crescimento, desenvolvimento e metabolismo de várias partes do organismo com efeitos conhecidos tanto em animais silvestres como em humanos”.
Em São Paulo, uma iniciativa da prefeitura pode ser considerada um pequeno alívio para os que sofrem com os fotos e um exemplo para outras cidades. Uma lei municipal (nº 16.897) foi aprovada este ano proibindo fogos na capital. Na Avenida Paulista, por exemplo, a queima de fogos serão apenas de efeito visual, sem estampido. Ou seja, uma festa para os olhos sem a perturbação dos estouros.
Será que os municípios pertencentes à APA Aldeia-Beberibe não poderiam seguir o exemplo de São Paulo?
*Todas as fotos de pássaros deste post foram tiradas em Aldeia pelo fotógrafo e apaixonado por aves, Roberto Harrop, autor do livro Aves de Aldeia.
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