Nesta segunda-feira, 29, uma moradora da comunidade do Rodrízio, no km 14 da Estrada de Aldeia, sofreu uma parada cardíaca e não resistiu, oito dias após ter sido picada por uma cobra cascavel. O que ela e sua família não sabiam é que o único local a aplicar soro antiofídico no estado é o Hospital da Restauração. E que a rapidez na ingestão do soro é essencial para a sobrevivência da vítima.
Por estar chovendo muito e ser à noite, a dona da casa de 33 anos (identificada como Lúcia, mas de sobrenome não divulgado) não conseguiu visualizar o tipo de cobra que a picou. Ela foi levada para o Cemec do Vera Cruz, onde, depois de esperar a chegada de um médico, foi transferida para o Cemec de Camaragibe, e só depois de muitas horas foi encaminhada para o HR. Lá tomou soro antiofídico e fez o exame de sangue que identificou o veneno de cascavel. Ela passou a última semana em estado de desorientação e com a vista turva, vindo a falecer na segunda-feira.
O que fazer, como evitar
Segundo Danilo Veras, morador de Aldeia que ministra cursos de manejo de serpentes, o soro antiofídico só é disponibilizado em poucas unidades de saúde por ter de alto custo de produção e curta validade. No caso do Recife, somente no Hospital da Restauração (Centro de Assistência Toxicológica-Ceatox) o antídoto é oferecido.
“As serpentes peçonhentas que encontramos aqui são jararacas, cascavéis, surucucus e corais. Casos com cascavéis e jararacas são muito comuns, então é mais fácil encontrar o soro nos hospitais de referência (relação abaixo). Porém, quando o acidente é com surucucu ou cobra-coral, nem sempre o soro está disponível”, explica Danilo.
Ele ensina que a primeira orientação a ser dada a uma vítima de picada de cobra é que tente manter a calma. “Apesar de praticamente impossível, porque quanto mais agitada a pessoa ficar, mais rápido o sangue vai circular e mais rápido o veneno será transportado pelo corpo”, diz.
“Identificar o animal é também bastante importante, porque o corpo humano reage de forma diferente aos diferentes tipos de peçonha. Logo o médico vai saber qual foi o animal que picou, mas se for possível fotografá-lo, melhor, porque o atendimento vai ser mais direcionado e eficiente”, ensina.
Ainda segundo Danilo Veras, deve-se lavar o local da picada com água corrente e durante o deslocamento até o hospital deve-se manter o acidentado deitado com o membro atingido em posição mais elevada. Anéis, relógios e pulseiras devem ser retirados, pois geralmente há inchaços e adornos apertados podem dificultar a circulação e até chegar ao caso extremo de provocarem gangrena.
Outra dica é manter o acidentado hidratado (apenas com água) e jamais fazer torniquetes, tentar chupar o sangue no local da mordida, espremer ou passar algo em cima. “Existem muitos mitos a respeito disso, assim como sobre o prazo de quatro horas entre a picada e a ingestão do soro. Esse tempo é relativo, depende da quantidade de veneno injetado, das condições físicas do acidentado e do tipo de serpente. O importante é levar o paciente o quanto antes para o hospital certo, onde haja soro disponível”, recomenda Danilo.
Recife – Hospital da Restauração
Caruaru – Hospital Mestre Vitalino
Arcoverde – Hospital Ruy de Barros Correia
Serra Talhada – Hospital Prof. Agamenon Magalhães
Salgueiro – Hospital Inácio de Sá
Ouricuri – Hospital Fernando Bezerra
Petrolina – Hospital Universitário
Foto: Pixabay
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