Se você mora em Aldeia há mais de um ano, deve ter notado que o número de novos templos religiosos vem aumentando muito em nossa região. Hoje, além de numerosas, as igrejas têm tamanhos que vão de pequeníssimas a colossais e professam diferentes tipos de crenças. De centro espírita a Igreja Ortodoxa Sérvia, passando pela novíssima Igreja Rio, Católica, Batista, Presbiteriana, Assembleia de Deus e Universal, Aldeia já é servida por uma diversidade de igrejas históricas, pentecostais e neopentecostais.
O Aldeia da Gente conversou com alguns dos representantes das principais igrejas para saber o que eles acham desse fenômeno.
“Acredito que vivemos um tempo em que as pessoas sentem necessidade de congregar, de adorar. Vejo o crescimento do número de fiéis como um fenômeno mundial. O sentimento de vazio e a angústia da alma é maior do que qualquer crise”, explica o pastor Marcos Fenelon, da Igreja Batista de Aldeia. Fazer parte da igreja, segundo ele, é resgatar o sentimento de pertencimento. “Aqui os fiéis encontram uma família, o conforto da alma e a cura para o males espirituais. Mudamos de prédio para que eles tenham também conforto, segurança e a oportunidade de trazer suas crianças”.
Marcos Fenelon fundou um pequeno templo em agosto de 2007, com apenas seis pessoas participantes, além dele mesmo. Dois anos depois teve que se mudar para um espaço maior, e em 2012, realizou os cultos num grande prédio, de 250 metros quadrados, no km 10 (em frente à entrada do Vera Cruz). A partir de dezembro de 2019, passou para um local ainda maior.
Um novo templo, com 650 metros quadrados, foi construído ao lado do prédio atual. O pastor conta que a construção do novo prédio, que tem capacidade para 700 pessoas sentadas, foi necessária para dar mais conforto aos fiéis. De acordo com ele, toda semana chegam novos fiéis, muitos deles vindos até de bairros distantes, como Casa Amarela e Candeias. No prédio antigo passará a funcionar o primeiro templo kids de Pernambuco, com um pastor só para as crianças, peças de teatro, música e até berçário.
O padre Paulo Dutra é o maior representante da Igreja Católica em Aldeia, responsável pela jurisdição que vai do km 4 ao km 14, com a igreja matriz, no Vera Cruz, e outras oito. Ele conta que a presença católica na região é bem antiga, remonta ao século 18, quando foi construída a paróquia de Santa Rita, próxima a Chã de Cruz.
Na visão do padre, “a existência de muitas igrejas hoje em dia é fruto do grande anseio da sociedade, hoje, pelas coisas de Deus. Diferente de décadas atrás, quando as pessoas buscavam se reunir em torno de uma fé, expressar uma crença comum, hoje elas buscam uma fé mais intimista, que se enquadre dentro de seus anseios pessoais”.
Para o padre Paulo, é daí que surgem novos caminhos, novas igrejas, cada uma com um modo de pastoreio diversificado. “Nosso Senhor quis deixar a igreja como um sinal visível de sua presença. Pra isso deixou a encargo dos apóstolos se espalharem e evangelizarem. É desejo de Nosso Senhor que a igreja forme com ele um só corpo. Portanto, cabe a cada um entender se o caminho que escolheu corresponde realmente aos anseios do Evangelho”, avalia.
Num esforço de proporcionar maior atendimento aos fiéis da fé católica e dinamizar a evangelização, o arcebispo decidiu pelo desmembramento da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, da Vila da Fábrica, e a criação da Paróquia São João Batista, no Vera Cruz, com a finalidade de ter um padre residindo em Aldeia. “Com o crescimento de tantas religiões na região, nos sentimos no dever de estarmos mais próximos daqueles que professam a fé católica”.
Recém-chegada a Aldeia, a novíssima Igreja RIO se instalou em grande estilo, no enorme galpão de vidro do km 3,5. Ainda sem sinalização, o espaço só é reconhecido porque há uma escultura de elefante do lado de fora (o elefante não é símbolo da igreja, apenas fez parte de uma dinâmica sobre as relações familiares no mundo atual).
A RIO foi criada quatro anos atrás pelo jovem psicólogo Tomas Souza, hoje com 33 anos. Antes de se tornar igreja, era um movimento social que atuava junto a populações de rua, travestis e profissionais do sexo. O líder do campus Aldeia da RIO, Rafael Barros, é quem conta como tudo aconteceu.
“Éramos um grupo de jovens que professavam a mesma fé e realizavam uma ação urbana chamada Voz na Rua. Um dia Thomas recebeu de Deus a missão de criar a Igreja RIO. Segundo Rafael, RIO é relativo às iniciais Relevante, Integral e Orgânico, três palavras que norteiam as ações da igreja. “É isso que queremos ser para a sociedade. Relevantes em cada ato nosso, integral em relação ao ser humano corpo e espírito e orgânico por fazermos parte de um organismo vivo, atuante”.
De acordo com Rafael, a igreja começou a funcionar na Madalena e em pouco tempo começou a ser frequentado por famílias inteiras. “Se tivesse que nos definir, diria que somos uma igreja contemporânea, que se comunica com o nosso tempo. Aqui procuramos trazer temáticas importantes para as famílias, falamos sobre tudo, até mesmo sobre sexualidade, assunto proibido em algumas igrejas”.
Para apresentar as ideias da igreja, a RIO promove eventos como o Café com o Pastor, um café da manhã de apresentação, e eventos culturais. Com cerca de 100 participantes nos cultos de domingo em Aldeia, o líder do campus ressalta que não se preocupa com quantidade de fiéis. “Não temos a tirania do crescimento, não traçamos estratégias. A gente vive o dia a dia”, resume.
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