Nesses tempos em que precisamos estar em isolamento domiciliar, é muito importante cuidarmos da nossa saúde física e mental. Trabalhos manuais podem ajudar bastante a desligar a mente das angústias e aflições que todo esse cenário que estamos vivendo traz. E se esse trabalho pode nos ajudar a nos alimentar melhor e de quebra reduzir nossos resíduos, melhor ainda!
Criar uma pequena horta, seja em casa ou em apartamento, com algumas verduras preferidas, ou até somente alguns temperos, já pode fazer uma grande diferença. E para enriquecer a terra, nada melhor do que um adubo produzido em casa, com nossos restos de alimentos. Além de ser mais saudável, reduzimos a quantidade de lixo produzido – ou seja, todos saímos ganhando, nós e a natureza.
Trago aqui então um passo a passo bem simples para a montagem de uma composteira para a produção de adubo orgânico que você pode fazer na sua casa ou apartamento.
Se você mora em casa, pode usar esses baldes que armazenam margarina que podem ser adquiridos em padarias ou supermercados – já começamos nosso trabalho reutilizando um material que seria descartado.
Esses baldes são empilhados como mostra a figura a, na sequência de fotos no final desta matéria. No balde da base, acoplamos uma torneira dessas de suporte de galão de água. O furo fazemos com ferro de solda, mas com um prego ou parafuso quente você consegue o mesmo resultado.
Os baldes superiores devem ser furados na sua base (ver figura b) para que o chorume – o líquido produzido pela decomposição do material – passe de um balde para o outro e seja captado nesse último, da base. O chorume pode ser diluído e borrifado no solo e nas plantas, atuando como pesticida natural e como fertilizante. O ideal é diluir o chorume na proporção 1/10, ou seja, uma parte de chorume para 10 partes de água. É importante atentar para essa diluição, pois o chorume concentrado é muito ácido e pode causar mal às plantas. A torneirinha na base ajuda na coleta do chorume.
Para que os baldes se encaixem uns nos outros cortamos as tampas, deixando somente o aro externo que suporta o balde superior. Aqui em casa utilizamos esse sistema com quatro baldes, pois a produção é grande, mas você pode usar com dois ou três. Um sistema com mais do que quatro baldes já fica inviável por conta do peso, aí vale mais a pena construir um segundo sistema.
O princípio da composteira é criar um sistema fechado, quente e úmido, que permita o crescimento de fungos e bactérias que vão realizar a decomposição dos restos de alimentos. Mas não são todos os restos de alimentos que podem ser depositados nas composteiras. Carnes e restos de alimentos cozidos com óleo, azeite, manteiga ou qualquer outro tipo de gordura não devem ser despejados na composteira pois não são facilmente decompostos. O ideal é utilizar restos de frutas e verduras. Frutas cítricas também não devem ser despejadas em grandes quantidades, pois podem desacelerar a decomposição.
Para preencher a composteira fazemos um sistema de camadas, como mostra a sequência de fotos no final. Na base colocamos brita (pedrinhas pequenas) que atuam como um filtro para o chorume (figura c). Acima dessa camada entra um pouco de terra de jardim – que será a fonte dos fungos e bactérias necessários para a decomposição (ver figura d). Após essa camada entram os restos de frutas e verduras (ver figura e). Depois uma nova camada de terra e por fim colocamos um pouco de folhas secas (ver figura f) e fechamos o balde. Você não precisa preencher a composteira com os restos vegetais de uma só vez. Nós deixamos um balde na pia da cozinha onde vamos coletando esses resíduos e à medida que este vai enchendo, despejamos no balde maior – que fica no quintal. Quando o balde está cheio, colocamos a terra, as folhas secas, e fechamos.
Nesse sistema com vários baldes, vamos substituindo um pelo outro. Quando o composto está pronto, colocamos em sacos de ráfia ou nylon – desses que armazenam rações de aves, e deixamos armazenado para ser utilizado no jardim. Esse balde está então pronto para ser preenchido com novos resíduos. O ideal é marcar no balde a data em que este foi preenchido, pois assim temos uma noção do período em que o composto estará pronto. No nosso clima quente e úmido, o adubo fica pronto relativamente rápido, em menos de 30 dias. Mas esse período varia dependendo das condições climáticas de cada local. Então, para saber se o composto está pronto, o ideal é avaliar a textura e coloração – ele deve estar bem homogêneo, ou seja, sem resíduos de alimentos, e com a coloração bem escura (ver figura g).
Podemos montar esse sistema em uma versão mais compacta para ser utilizada em pequenos vasos ou hortas reduzidas, utilizando, por exemplo, garrafas PET. O sistema é bastante parecido: utilizando duas garrafas PET, corte o topo de uma (o gargalo) e a base da outra. Esta será então inserida dentro da primeira. Faça alguns furos na tampa com o auxílio de um prego quente para o chorume passar e passe uma fita adesiva na junção entre as duas garrafas para segurar bem a estrutura. Com o sistema montado é só seguir as mesmas camadas: brita (ou pedrinhas menores, por conta do espaço) – terra – restos de alimentos – terra – folhas para cobrir. Para tampar, uma tela fina ou mesmo um pedaço de meia calça presa com elástico ou fita adesiva, resolvem. Como a garrafa é transparente, fica até mais fácil para saber quando o composto está pronto. Aí é só usar na sua pequena horta, ou nos seus vasinhos de plantas.
A natureza agradece!
E se você estiver precisando de fertilizante líquido para sua horta ou jardim, entre em contato através do e-mail [email protected].
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