As redes sociais estão inundadas de imagens e vídeos de animais ocupando ruas, praças, praias no mundo inteiro nesse período de isolamento social. As pessoas estão comovidas em ver tantos animais retornando aos espaços antes tomados pelo homem…
Cisnes e golfinhos nadando nos canais agora límpidos de Veneza, tartarugas eclodindo nas praias agora desertas, cangurus saltitando pelas ruas vazias da Austrália, gaivotas e pelicanos tomando as praias vazias no Peru, capivaras pastando felizes na beira do rio em plena cidade do Recife… a quantidade de imagens e vídeos na internet de animais retomando as cidades desertas parece ser infinita, mas muitas dessas lindas cenas não são totalmente raras ou relacionadas com o isolamento humano.
Mas o que impulsiona as pessoas a criarem montagens como estas? As fake news têm, em sua grande maioria, o objetivo de gerar desinformação, pânico, discórdias. Mas, nesse caso, muitos podem perguntar: que mal há nisso? A revista National Geographic (12) inclusive publicou uma matéria revelando fakes como essas e alguns leitores reclamaram, preferiam a ilusão de notícias boas em meio a tanta tristeza.
Estariam então as pessoas montando e transmitindo essas imagens, ainda que não verdadeiras ou, pelo menos, fora de contexto, com o objetivo de fazer as pessoas se sentirem bem? Ou de fazer as pessoas refletirem sobre seu papel no ambiente e mostrar novas possibilidades de se viver em harmonia em um mundo pós pandemia? Existiriam “fakes do bem”?
Com tantas imagens e vídeos circulando a cada dia, em sua maioria sem os devidos créditos, fica difícil mesmo saber o que é real. Mas seriam todos eles fakes? Nós já vimos como o isolamento humano causou a diminuição da poluição atmosférica (13) em várias cidades do mundo. Além disso, o isolamento reduziu em muito a poluição sonora. Os ruídos gerados pelo movimento de pessoas e veículos nas cidades agora deram lugar aos cantos dos pássaros. Mas, será que essa quantidade de pássaros está realmente aumentando nesse período em que as pessoas não estão mais nas ruas? Ou simplesmente eles sempre estiveram por aqui, mas nós não conseguíamos percebê-los em meio a correria barulhenta do dia-a-dia?
Ainda precisamos estudar os ambientes urbanos desocupados por mais tempo para termos certeza de que esteja havendo de fato algum efeito desse isolamento sobre os animais. E mais tempo ainda para estudar e entender as relações que surgirão entre as espécies nesses ambientes modificados pela ausência humana.
Mesmo aqui em Aldeia, onde ainda conseguimos viver imersos na natureza, a redução do trânsito na estrada e consequentemente do barulho que ele causa estaria afetando positivamente os animais que aqui vivem? Outro dia apareceu pela primeira vez uma cotia no nosso jardim! Será que ela realmente nunca tinha passado por aqui? Ou simplesmente por estarmos em casa e mais atentos à nossa volta, conseguimos vê-la desta vez?
E você? Tem visto algum animal diferente na sua casa nesses tempos? Conte pra gente! Estou curiosa para saber!
De qualquer forma, uma coisa é certa: todo esse período de isolamento nos tem feito refletir bastante sobre nossos hábitos. E eu sou bastante otimista que muitos de nós também floresceremos nessa pós quarentena, mais solidários e mais conscientes em relação ao próximo e ao ambiente.
Perguntas ou dúvidas sobre esse assunto? Sugestões de outros temas a serem tratados na nossa coluna? Deixe nos comentários ou envie um e-mail para [email protected].
Imagens: ABC News; AP Photo/Rodrigo Abd
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