Você já pensou por que estão aparecendo tantas serpentes em Aldeia? É que estamos no período reprodutivo desses animais fantásticos e, com a grande quantidade de condomínios e residências, não só esses, mas muitos outros animais vêm perdendo seu habitat natural devido à supressão vegetal para a construção civil, plantio de capim para equinos, entre outras atividades que vêm gerando impactos ambientais.
São animais injustiçados por falta de conhecimento e culturas antigas, animais que em algumas religiões são vistos como demônios. Isso me fez tentar protegê-las e tentar conscientizar as pessoas de que elas fazem parte do meio ambiente, e sua falta gera um desequilíbrio na nossa fauna. São animais fantásticos, e são como guarda-chuvas ambientais. A partir do momento que protejo uma serpente, estou protegendo toda a biodiversidade do entorno, já que se alimentam de ratos, lagartos, pássaros, anfíbios e outras serpentes.
Os quatro grupos de serpentes de interesse médico que podem causar acidentes com pessoas são: as corais verdadeiras, as jararacas, as cascavéis e, a maior de todas, a surucucu pico-de-jaca (animal ameaçado de extinção e que tem em todo o Brasil. O maior número de exemplares em vida livre está aqui em Aldeia).
Vou tentar responder as perguntas mais frequentes que me fazem:
As serpentes se alimentam em grande maioria de roedores. Ratos que se abrigam nas casas onde encontram entulhos, restos de comidas ou ração animal atraem serpentes, que são suas predadoras. Deve-se manter o lixo fechado e não acumular entulhos no quintal, como restos de madeiras ou material de construção.
Temos três órgãos ambientais que atuam fazendo resgates desses animais aqui em Aldeia, além de pessoas aptas a fazer. Brigada Ambiental de Camaragibe (telefone 153), Cipoma e Corpo de Bombeiros.
Primeiro mantenha a calma e procure o Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox), no Hospital da Restauração, único centro que oferece o soro antiofídico na Região Metropolitana do Recife. Se possível, mantenha o membro afetado acima do nível do corpo numa posição confortável. Hidrate-se com pequenos goles de água e lave o local afetado com água e sabão.
Não fure o local da picada, não tente chupar o veneno, não faça a ingestão de álcool ou remédio caseiro, não passe nada no local afetado além de água e sabão neutro, não faça torniquete ou garrote, pois isso só vai agravar a situação e acumular a toxina em um único local, podendo gerar uma necrose.
Não mate a serpente. Segundo a Lei federal n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida” é crime sujeito a pena de detenção de seis meses a um ano, e multa.
A foto principal é de uma jibóia (Boa
constrictor constrictor), uma das espécies que ocorrem em quase todos os estados brasileiros. Muito encontrada aqui em Aldeia também, é um animal que não tem toxina, por isso não causa danos além da mordida.
Romero Santos é estudante de Ciências Biológicas
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