Na comunidade do Rachão, Vera Cruz (km 10 de Aldeia), funciona um quilombo urbano conhecido como Quilombo Camará (Egbe Orisa Nago Vódún), onde o sacerdote Gilmar Camará realiza os cultos, consultas, tratamentos espirituais, rezas, cânticos e reuniões, mas também mantém o projeto Educapretus, que ensina a história africana e a língua yorubá à comunidade.
No quilombo moram 14 pessoas e lá funciona o terreiro de candomblé onde cerca de 50 membros realizam suas atividades religiosas e mantêm as tradições africanas. Gilmar conta que sua bisavó chegou da África (de uma região entre o Benin e a Nigéria) e, como negra escravizada, foi violentada aos 17 anos, dando à luz sua avó, de cor parda. Ela era ninada pela mãe na língua nativa e desde então o yorubá foi sendo passado de geração em geração.
“Hoje nós ensinamos a língua, que é falada em poucos lugares do Brasil e em vários países africanos, como Nigéria, Togo, Gana e Costa do Marfim”, cita Gilmar Camará. Os alunos, em sua maioria jovens, buscam as aulas como forma de reforçar suas identidades. A pedagogia, segundo o sacerdote e professor, procura dissociar a língua da religião. “Focamos em palavras de uso diário e expressões do cotidiano, como apresentação e cumprimentos”, diz.
A tradição familiar de ensinar o yorubá, assim como a liderança espiritual no terreiro, foi assumida por Gilmar depois que sua mãe adoeceu de Alzheimer, alguns anos atrás. Ele lembra que a família vivia em Casa Amarela e veio para Aldeia em 1999, quando se instalou no terreno de 827 metros quadrados na rua Manoel Bione de Araújo, 10 (próximo ao Haras Brasil), no Rachão. Ali eles prepararam o terreno e plantaram a árvore sagrada da cultura afro, o akoko, também conhecida como Folha-da-Fortuna. Hoje, com 22 anos, a árvore passa dos 10 metros de altura e continua sendo testemunha de muitas festividades e rituais sagrados.
Algumas palavras em yorubá:
Ẹkáàbọ̀ (Ecaabo) = bem vinda/o
Ẹkáàro (Ecaaro)= bom dia
Ẹkáàsan (Ecaasã) = boa tarde
Odará (Odará) = muito bom , legal
Odarọ́ (Odaraaró) = até logo
Ṣe dada ni (Chedadani) = como vai?
Ọbẹ (Ôbé) = faça/facão
Àga (Aga) = cadeira
Àpótí (Apotí) = tamborete / pequeno assento
Tábìlì (Tabilí) = mesa
Ọkùnrin (Ôkunrín) = Homem
Obìnrin (Ôbinrín) = mulher
Quilombo Camará
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(81) 98532-2119
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