Atravessamos na história mais uma pandemia, desafios constantesno dia a dia e, acompanhado a ela, a ansiedade. O novo mal do século 21. Quem de nós não sentiu ou sente aquela “agonia no peito”, “falta de ar” ou “ar curto demais” e o medo do que vem? Sou anormal por isso? Estou doente por sentir?
Há pouco tempo seríamos classificados no Manual Diagnóstico dos Transtornos Mentais (DSMV) sob um código específico, mas podemos pensar que sentir ansiedade, hoje, não seria propriamente uma insanidade, pois teríamos muitas razões para isso. Então, qual a saída para não cairmos ainda mais nas “armadilhas” e “areia movediça” da ansiedade?
Não está fácil vivermos trancafiados em casa com nossos familiares. Um dia até dissemos que “família era tudo para nós”, pois é, estamos na hora de testar se isso é pra valer…
Em sua obra “O mal-estar na civilização”, já nos anos de 1929, Freud falava em felicidade e preocupava-se com o mal-estar, em mostrar o oculto, o segredo por detrás de toda cultura e da humanidade, ou seja, seu mal-estar e suas origens mais profundas. Percebeu que não estamos programados para a felicidade, “porque a toda satisfação segue imediatamente um renovado desejo e uma nova felicidade” (Freud, 1927). Apresenta o homem desamparado e imerso em um mundo que só lhe confronta com dores e horrores, vindos do corpo, do mundo externo e também das relações humanas.
Passaram-se tantos anos, mudou o século e tudo o que aí está escrito parece-nos tão atual. Christian Dunker, psicanalista da atualidade, sugere que “possamos inserir coisas novas e prazerosas em nossas vidas”. Acredito que saudável seria buscarmos a qualidade naquilo que fazemos de mais simples e ficarmos atentos a nós, à nossa saúde mental. O fato é que não existem regras gerais, fórmulas prontas para todos; o autoconhecimento pode ser o caminho mais saudável neste momento para sabermos lidar com a pessoa mais importante: nós mesmos.
Ana Paula Ponce Lucena é aldeiense, psicanalista em formação e fonoaudióloga.
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