O crescimento exponencial dessa pandemia alterou de forma significativa a nossa rotina, trazendo para nossa realidade medos e angústias nunca antes experimentados. O futuro das nações nunca nos pareceu tão incerto e, apesar de haver divergências, os exemplos de outros países e os dados científicos asseguram que a atitude mais prudente no momento é manter-se em isolamento horizontal, além de adotar práticas rigorosas de higiene.
Diante desse cenário, fomos obrigados a rever paradigmas e descobrir novas formas de existência, seja no aspecto laboral, favorecendo aqueles que dispõem da facilidade de trabalhar remotamente, seja na procura de estratégias de sobrevivência a essa imposição de hiperconvivência.
Relatos desse confinamento nos apontam que os conflitos de proximidade têm surgido por inúmeros fatores, especialmente quando é experimentado por pessoas ou grupos com níveis de entendimento diferentes sobre os riscos da covid-19 e as formas de enfrentá-la.
Suponham um hipocondríaco nato, com baixa imunidade e o humor idem, tendo que conviver intimamente com alguém que desdenha do vírus e o trata como uma simples gripe, sem adotar nenhuma precaução. Adicionem a isso o fato de compartilharem o mesmo espaço idosos – algumas vezes intransigentes e necessitando de cuidados especiais – e crianças hiperativas, e o acúmulo de boletos, incertezas quanto ao ano letivo e quanto à permanência no emprego, para não falar sobre o risco real de contaminação.
Tem um ditado que diz: “Quer conhecer uma pessoa? Viaje com ela”. Podemos adaptá-lo para: “Quer realmente conhecer alguém? Compartilhe com ela uma quarentena. Os conflitos e as divergências serão elevados ao cubo, e o uso de álcool e a falta de diálogo podem potencializar crises e conflitos, que se não forem administrados de forma racional e amorosa, tendem a evoluir para a violência psicológica e física.
Diante de tais situações, a vítima deverá procurar ajuda, dependendo da gravidade, ligando para o 190 e, em casos mais simples, procurando apoio profissional de psicólogos, policiais e da Coordenadoria da Mulher (em Camargibe atende pelos números 9 9825 3765 e 9 9524 5001. Oxalá o Amor e a Harmonia prevaleçam e as relações se fortaleçam após essa prova de fogo.
Dicas: Os grupos familiares e casais devem estabelecer códigos de conduta que ajudem a atravessar com menos arranhões essa turbulência. Algumas técnicas podem funcionar: para delimitar o espaço de convivência, evitando que se torne tão invasivo (para os privilegiados que compartilham a quarentena em vários cômodos), uma dica é estabelecer que no dia que se usar determinada cor de roupa, se deseja evitar contatos e proximidade. Seria a cor da invisibilidade. Em alguns momentos, menos é mais.
Veronica Azevêdo, jornalista aldeiense, foi delegada da Mulher e também coordenadora das Delegacias da Mulher no Estado de Pernambuco.
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