Prezados vizinhos de Aldeia,
Escrevo estas breves linhas para desabafar. Sei que muitos de vocês vão me dar razão porque também devem sentir na pele o que eu sinto permanentemente: o desassossego, o meu sossego sendo perturbado por terceiros. Trata-se de um problema de educação, ou melhor, de deseducação. E é um mal generalizado na nossa sociedade. O respeito e o cuidado com o vizinho simplesmente não existem. É cada um por si e por seu próprio prazer.
Moro no km 9, numa chácara como tantas outras de Aldeia, pra onde vim há quase 40 anos fugindo da agitação do Recife. Por muitos anos realizei o sonho de acordar com os passarinhos e à noite ouvir o canto dos sapos e cigarras, dias e mais dias de tranquilidade e imersão na natureza. Essa era Aldeia e essa Aldeia era a que desejávamos todos os que nos mudávamos para cá.
Hoje não passo uma semana sem me estressar com o som estridente de festas, gritaria e falta de respeito. Às vezes começa na sexta à noite e só termina no final do domingo, ininterruptamente, e não há quem possa descansar, mesmo morando numa chácara “isolada” no meio do mato. O som reverbera e incomoda até meu último fio de esperança na humanidade.
Ligo para a polícia. Será esse o caminho? 190 e anotam minha reclamação. Fico com o protocolo, mas nada acontece. Ligo de novo e de novo. Parece que a polícia não tem gente ou carro suficiente para atender tanto problema. É preciso ir à delegacia, fazer B.O. Mas até lá a festa já vai ter acabado e meu descanso já vai ter ido pro espaço. Os que me incomodaram sairão impunes e outros virão em seu lugar. As pessoas realmente perderam a noção de civilidade. Não sabem se divertir levando em conta o sossego de quem está ao lado. Não há polícia que chegue para tanto desrespeito.
Fico me perguntando: Aldeia não é uma área de proteção ambiental? Que proteção é essa que não atende gente nem bicho nem nada? Se não existe fiscalização, pelo menos um grupamento da brigada ambiental poderia ficar de prontidão para atender aos chamados. Quem sabe aos poucos, com multas e fechamentos de casas de festas as pessoas não vão aprendendo a respeitar as outras?
É triste demais ver Aldeia assim, entregue, abandonada e sem lei.
O que fazer?
Ana Judite Coutinho, moradora de Aldeia desde o início da década de 1980.
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