Cerca de cem pessoas foram, neste sábado (8), ao Parque Aldeia dos Camarás, no km 11 da Estrada de Aldeia protestar contra o Decreto nº 40/2018 assinado esta semana pelo prefeito de Camaragibe, Demóstenes Meira, devolvendo a área para o antigo proprietário. Estiveram presentes moradores antigos e novos, autoridades, representantes de entidades sociais e de escolas da região. Os comerciantes de Aldeia financiaram a organização do protesto.
Durante o ato foi servido café da manhã, realizadas atividades de leitura para crianças, jogos de vôlei, uma grande ciranda em volta de uma das poucas árvores da área, roda de conversa e coleta de assinaturas para um abaixo-assinado.
Para os participantes, que enfrentaram com disposição um sol bastante forte na manhã do sábado, a decisão do prefeito foi arbitrária e não deve ser concretizada. “Estamos realizando um ato pacífico e alegre para mostrar que o parque é um direito e uma necessidade do povo. Queremos denunciar o processo ilegal de devolução do parque à iniciativa privada e também exigir que a Prefeitura faça os investimentos previstos no projeto que ela mesma aprovou este ano junto à CPRH”, disse a jornalista e aldeiense Sylvia Siqueira Campos.
Uma das autoridades presentes ao ato foi a vice-prefeita do município e médica Nadeji Queiroz. Ela disse que o parque tem que continuar sendo público tanto por uma questão de saúde quanto de justiça. “O parque é um lugar onde as pessoas vêm andar, fazer exercícios, e também conviver umas com as outras. Essa convivência estimula uma cultura de não violência, daí a importância de um espaço como esse”, declarou a vice-prefeita, conclamando a população a procurar o Ministério Público para pedir a anulação do decreto municipal.
“Esse decreto é frágil, não tem justificativa nem fundamento. E ainda precisaria ser homologado na Justiça, o que eu acredito que não acontecerá. A Prefeitura diz que teria que pagar R$ 10 milhões para o antigo dono, mas na verdade essa foi só uma das avaliações feitas, houve outras duas e a Justiça pode optar por qualquer uma ou até por nenhuma delas, tomar apenas como parâmetro. Não acredito que vá adiante porque o decreto sequer fala para onde vai o investimento público já feito no parque”, opinou Paulo Willton, que até dois meses atrás era secretário municipal de Planejamento e Meio Ambiente. Foi na gestão dele à frente da pasta ambiental que o projeto foi elaborado, em conjunto com a população, e finalmente houve a suspensão do embargo por parte da CPRH.
Nos próximos dias os manifestantes pretendem voltar a se reunir para traçar novos movimentos, procurar a Câmara de Vereadores e o Poder Judiciário com o objetivo de buscar a anulação do decreto.
*Colaborou Mila Portela
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