As abelhas indígenas sem ferrão são abelhas nativas da América Latina, de regiões de clima tropical e tropical de altitude. Desde México, Costa Rica, Colômbia, Amazônia até o sul do Brasil, podemos listar centenas de espécies destas abelhas. No Brasil, temos aproximadamente 300 espécies de abelhas nativas identificadas cientificamente. São abelhas mais dóceis e seu mel tem valor medicinal maior quando comparado ao mel das abelhas com ferrão .
Em Pernambuco, a Meliponicultura faz parte da tradição e cultura popular. Tanto que as abelhas indígenas foram homenageadas pelo mestre Luiz Gonzaga em canção: “Mandaçaia, Jandaíra, Sanharó e Uruçu faz o mel que admira” (Minha Fulô).
Abelhas indígenas sem ferrão são especializadas na polinização da vegetação nativa, onde buscam seus alimentos nas flores, o pólen e o néctar. A importância dessas abelhas para nossas vidas deve-se ao fato de que através de polinização especializada as abelhas sem ferrão garantem a perpetuação e preservação de nossos biomas, como a Mata Atlântica, por exemplo. Cada espécie de abelha indígena está intrinsicamente relacionada ao clima e à vegetação nativa. Abelhas e flora nativa, uma depende da outra para viver e a vida na Terra depende de ambas.
Devido a desequilíbrios ambientais, em consequência do crescimento das cidades, de desmatamentos e do uso de agrotóxicos no campo e na cidade, diferentes espécies de abelhas sem ferrão estão ameaçadas de extinção. Contudo, algumas espécies destas abelhas apresentam boa adaptação a ambientes urbanizados, desde que se tenha néctar e pólen disponíveis para sua alimentação. Podemos nos deparar com estas belezuras “beijando” pequenas flores nas ruas ou mesmo em uma curiosa movimentação em orifícios de muros, onde costumam instalar seus ninhos. Entre outras espécies, a Jataí e a Mirim são exemplos de abelhas frequentes nas cidades.
A região de Aldeia encontra-se em processo de rápida urbanização. Manter áreas ainda com vegetação arbórea e também cultivar espécies de pequeno porte que produzam flores atrativas para abelhas é importante e contribui para a criação de núcleos mais verdes e menos cinzas, amenizando o impacto do crescimento acelerado e sem planejamento.
A disponibilidade de flores para essas pequenas abelhas é fundamental para sua sobrevivência. Além dos parques públicos e da arborização urbana, cultivar flores atrativas para as abelhas contribui para a manutenção de ninhos urbanos de abelhas nativas. Mesmo para quem não é meliponicultor, cultivar flores no jardim, na horta ou na varanda, colabora com a preservação das abelhas indígenas sem ferrão, aumentando a oferta de alimentos para elas.
O cultivo de plantas de pequeno porte é fácil e pode ser feito em vasos. Para quem tem quintal, janela ou varanda é possível cultivar, desde que receba luz do sol. Na varanda, as abelhas visitam flores cultivadas até em apartamento!
Algumas plantas melíferas de fácil cultivo que fornecem alimento para as abelhas são: girassóis, manjericões, coentro, trevos, jambú, tomates, bredo, cosmos, feijões, beldroega, erva-lanceta e muitas outras. É recomendado o cultivo dessas espécies para quem deseja se deliciar com o espetáculo da polinização e assistir as abelhas “beijando” as flores.
Simone Miranda é agrônoma especializada em Agroecologia
Cadastre-se para receber nossa newsletter.