Ao compor este “Quando meu pai me viu”, João Carlos Cabral de Barros conduz a feliz simbiose entre a sua perene criatividade e o uso esmerado das artimanhas ocultas nos labirintos das técnicas ficcionais.
O autor mergulha em lagos de ontem e emerge com imagens contextualizadas em águas vividas. Alheio à vontade das correntezas, na margem do agora, a sensibilidade dos escritos alcança o horizonte dos dramas sociais contemporâneos em cenários diversificados.
Os personagens habitam o universo dos comuns, vêm e vão, anônimos heroicos acometidos de espasmos tristes, alegres e de anseios tantos nutridos por esperanças vivas, mas fugazes, previamente frustradas.
Os contos seguem fluídos, são narrativas soltas percorrendo o cotidiano das ruas, vivenciando cenas verossímeis e libertas de amarras que inibem a espontaneidade das conversas amenas, acolhidas em torno de uma roda de amigos, quando o autor manuseia o tempo e esgrima o privilégio da memória farta.
*Paulo Caldas é escritor
Cadastre-se para receber nossa newsletter.