Na APA Aldeia-Beberibe, muitos moradores têm relatado um aumento no número de quatis avistados em jardins e até mesmo próximos de casas. Provavelmente os quatis estão sendo atraídos por recursos alimentares fornecidos deliberadamente por alguns moradores ou são atraídos pela presença de lixo mal acondicionado e de fácil acesso. Tudo isso potencializado pela redução de seu espaço vital por causa dos desmatamentos e ocupação desordenada da APA. É muito importante que animais selvagens não sejam alimentados, pois o aumento de contato entre a fauna selvagem e seres humanos pode gerar conflitos e acidentes. como também a possibilidade de transmissão de patógenos.
Os quatis são mamíferos carnívoros de médio porte muito comuns e abundantes em praticamente toda a extensão da Mata Atlântica. Na verdade a espécie Nasua nasua, como é conhecida cientificamente, apresenta uma grande distribuição geográfica e está presente em ambientes de florestas tropicais úmidas da America do Sul. São procionídeos com um focinho comprido terminando em um rinário flexível. Seu nome popular, quati, é originário do tupi e significa «nariz pontudo». Possui uma cauda peluda e listrada que frequentemente é mantida na vertical quando o animal está forrageando no solo. São ótimos escaladores de árvores.
São animais sociais e podem viver em grandes bandos os quais sãos constituídos predominantemente por fêmeas e seus filhotes. Os machos adultos são solitários. São animais diurnos e passam a noite dormindo em árvores.
Os quatis são onívoros e se alimentam de frutos e invertebrados. São considerados bons dispersores de sementes de algumas espécies de plantas nativas da Mata Atlântica. Em ambientes fragmentados, como na APA Aldeia Beberibe, os quatis podem exercer um «papel-chave» na manutenção dos serviços de dispersão de sementes para uma grande variedade de espécies e podem promover a manutenção da diversidade genética entre manchas de floresta, carregando sementes de um local para o outro, favorecendo, desta forma, a regeneração de áreas desmatadas.
Filipe Aléssio é biólogo, professor da UPE e editor do Portal de Zoologia de Pernambuco. Ele também é o autor das fotos deste artigo.
Fotos: Pixabay
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