Sabemos a resposta. Mas você sabe o porquê do fenômeno, o porquê de um produto com veneno não ser identificado como produzido com veneno? O óbvio é que se houvesse essa identificação as pessoas dificilmente comprariam ou simplesmente não comprariam. Mas se é assim, se você concorda que um alimento produzido com veneno deveria ser identificado? Por que permitimos isso? Por que permitimos que não o seja? Ou melhor, por que não percebemos que isso ocorre diante dos nossos olhos sem que nos incomodemos ou sem que nos ponhamos em ação contrária a este modelo, simplesmente não comprando?
Permita-me novas perguntas: você daria um alimento para seu filho ou sua filha tendo explicitamente um selo informando que aquele alimento foi cultivado com veneno e, logo, contém veneno? Seguro que não. Estou seguro que o amor não permitiria tal ato. Mas, novamente, se é assim, por que isso não nos incomoda? Por que não nos chocamos com isso? Por qual razão consideramos isso aceitável e como fazendo parte inerente da vida? Neste espaço vou tentar, de modo sintetizado, responder a essas perguntas.
Hoje em dia, entender como a informação é criada, quem criou e com que intenção, é inerente ao nosso estado de liberdade e ao nosso livre pensar. O mesmo se aplica aos alimentos que compramos e comemos. A qualidade de vida pode ser vista como uma equação entre o que eu penso e como eu cheguei nesse pensamento com o que eu como, e o como eu acessei este alimento. Entender o presente é precisamente entender o ambiente da informação e como este influencia nossas vidas e comportamentos, nossos hábitos de consumo e até a nossa tolerância ao veneno, em todos os níveis. Assim, podemos ensaiar uma premissa que diz que há uma relação entre a degradação do ambiente natural paralelamente à degradação do ambiente da informação.
Talvez você nunca tenha ouvido falar em ambiente da informação e ou infotoxina. O interessante é que você está, desde que nasceu, expostx a este ambiente e a esta “tecnologia indutiva da informação”. Em 1995, o americano Jeff Phillips escreveu um artigo intitulado “The age of infotoxin” (A era da infotoxina) e criou uma disciplina de nome infotoxicologia (infotoxicology), que expõe a premissa citada acima de que “o ambiente natural é degradado paralelamente à degradação do ambiente da informação”. O ambiente da informação é, segundo o professor, “um sistema holístico complexo, tanto do hardware (parte física) quanto da media (servidor de mídia) e do software (parte lógica) ou o conteúdo da comunicação”. Este ambiente cria um modo de pensar.
Se o ambiente da informação cria um modo de pensar, ele conduz também um modo de portar-se e de comportar-se; de indignar-se e de ser conivente, por exemplo. No convite à reflexão do nosso comportamento sobre os alimentos agricultáveis produzidos com veneno é possível sugerir que nos foi forjada intencionalmente a ideia de que o veneno nos alimentos (os biocidas, fruto do fim da II Guerra) era necessária para a produção atingir a escala ideal e empregar o número maior de trabalhadores. O fato é que se sabe que hoje isso é uma mentira, ou melhor, uma infotoxina. Um informação arquitetada e ampliada por dispositivos de comunicação de massa para forjar um pensamento conveniente aos interesses do agronegócio, das corporações dos agrotóxicos.
Hoje em dia, através dos avanços de novos conhecimentos como a neurociência e a epigenética, é possível compreender tacitamente a formação do sistema neurossensorial – SNS, que é a parte física do nosso corpo/organismo responsável pela forma como percebemos sensorialmente o mundo.
Neste sentido, as consequências da infotoxina no “ambiente de informação alimentar” sugere ainda um maior cuidado e rigor. No processo digestivo, onde o organismo, por sabedoria divina, inicia o desmonte, a separação e o envio das partículas/substâncias contidas nos alimentos, forma-se a parte material, física, do nosso sistema neurossensorial. Obtendo um SNS de origem alimentar envenenada, estaremos fornecendo, como matéria-prima para a formação desse sistema, um comando para percebermos o mundo com veneno, de modo que o mesmo estará (já está) fazendo parte do mundo sob um prisma perceptivo de normalidade, tornando-se aceitável, necessário até, sendo ele “parte de nós”.
Somos nós que cultivamos, ou não, a informação de que o veneno nos é caminho. Assim, não podemos intervir na comunicação das grandes empresas e corporações do sistema de produção alimentar, do agronegócio, mas podemos decidir o que nutrimos no mundo quando compramos nossos alimentos. Você é o juiz, ninguém mais. Escolha seus alimentos sabendo o que você nutre no mundo ao adquiri-los.
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