Em continuação à série de reportagens em homenagem aos 40 anos da Escola Internacional de Aldeia (EIA), publicamos hoje uma matéria sobre Mr. Fryer, o fundador da escola, que fez história e é lembrado por todos com muito carinho.
Para as milhares de crianças e pais de alunos que passaram pela EIA em seus 40 anos de existência, Mister Fryer foi uma referência como educador e como ser humano. Com seu forte sotaque norte-americano, jeito simples e personalidade cativante, conquistou amigos e tornou-se personagem histórico em nossa região. John Willis Fryer – Mister Fryer, Fryer, John ou simplesmente João – faleceu em novembro passado, aos 79 anos, deixando em Aldeia um patrimônio feito de suor, dedicação e, acima de tudo, amor.
O professor, formado em matemática e física e ainda técnico em eletrônica, veio de Mantorville (Minnesota-EUA) como missionário do Peace Corps na década de 1960. Depois de se apaixonar por sua professora de português, Lígia Maria Clementino, no interior da Bahia, casou-se com ela, voltou a morar nos Estados Unidos e por fim veio se estabelecer no Recife, onde assumiu a direção da Escola Americana, em Boa Viagem. “Um dia meus pais foram ver uma casa para comprar em outro município aqui perto e por um mero acaso acabaram vindo ver essa casa em Aldeia, que temos até hoje”, conta Mike, filho caçula do casal, atual diretor da escola.
“Só que na época ambos trabalhavam em Boa Viagem (Lígia ensinava no Colégio Santa Maria). E um dia minha mãe teve a ideia de construir uma escola no terreno em frente à casa, e meu pai topou”, revela. Com três filhos pequenos, o casal Fryer construiu um pequeno espaço com meia dúzia de salas (em 1977) e inaugurou a primeira turma da EIA, em 1978, com apenas 16 alunos.
Além de muito querido pela comunidade escolar, que dedicou a ele inúmeras homenagens no ano passado, Fryer era também admirado pela população menos favorecida de Aldeia, a quem ajudava de todas as formas que podia. Preocupado com a situação das mulheres da comunidade de baixa renda conhecida como Vera Cruz, por exemplo, ele construiu e fundou ali uma creche, que levava seu nome, e hoje funciona como Centro Comunitário.
Membro do Rotary, ele também organizou o Projeto Carinho, de distribuição de alimentos para a população carente. Durante quinze anos, todos os dias da semana ele recolhia pão e sopa – doados por padarias e restaurantes da região – e entregava, junto com leite que ele próprio financiava, a cerca de 80 pessoas também do Vera Cruz. A própria biblioteca da EIA, que no início foi chamada de Fundação Mr. Fryer, foi construída do lado de fora da escola para que a população reconhecesse nela o seu verdadeiro propósito: de ser uma biblioteca pública.
“O americano”, como era conhecido nos primeiros anos de Aldeia, acabou se tornando uma figura popular e querida de toda a comunidade da região. “John era um homem simples, sonhador, seus carros caíam em ferrugem. Ele frequentava os barzinhos populares, sempre risonho e solícito, fez grandes amigos por aqui”, conta um dos mais chegados, o jornalista Antonio Portela, 75, cujos filhos e netos estudaram na escola.
Com Portela e mais um grupo de amigos, Mr. Fryer frequentou, durante 15 anos, um encontro semanal no Bar Zé do Mé, um dos mais antigos e tradicionais de Aldeia, onde discutiam desde problemas locais até política internacional. Para deixar registrada a vida e obra desta figura tão importante e admirada, os amigos já pensam em produzir, ainda este ano, a biografia de Mr. John Fryer.
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