Na semana do Dia das Crianças visitamos uma casa onde vivem cinco irmãos, de idades entre seis e onze anos, e onde, como brincam os pais, nem é preciso convidar outras crianças, pois eles mesmos se divertem uns com os outros, brincando, brigando e fazendo as pazes. Os cinco filhos de Cibele e José Ricardo Germano nasceram de apenas duas gestações: as mais velhas são gêmeas e os caçulas, trigêmeos. Confira a história:
Cibele e José Ricardo namoraram por dois anos quando resolveram juntar as escovas de dentes. Tinham planos de ter dois ou três filhos, mas não tinham pressa. Com ovários policísticos, Cibele tomava pílula e tocava a vida sem pensar no assunto. Quando precisou dar uma pausa para trocar de medicamento, engravidou. A surpresa veio seguida de felicidade e, em pouco tempo, também de um grande susto: ela esperava duas meninas! Pouco depois que nasceram Maria Luíza e Maria Júlia, nova gestação e um aborto espontâneo. Como o pai queria muito um menino, resolveram liberar. Mas aí o destino surpreendeu mais uma vez: vieram os trigêmeos José Ricardo, Maria Carolina e Maria Fernanda.
“Na hora da ultrassonografia, quando o médico nos informou que eram três, passamos os dez primeiros minutos sem saber se ríamos ou se chorávamos”, lembra Cibele. “E quando ligamos para nossos pais, ninguém acreditava, achavam que estávamos brincando”, diverte-se.
A família, que vivia num apartamento em Boa Viagem, comprou uma casa no condomínio/clube Sete Casuarinas (km 12), em Aldeia, e mudou completamente de vida. “Em pouco tempo nós éramos quatro e depois sete”, ressalta Cibele, que tinha 26 anos na primeira gestação.
Depois das primeiras gêmeas, o casal foi investigar e descobriu que havia vários casos de gêmeos nas famílias de ambos, mas todos de parentes de segundo grau. “Nunca pensei que poderia ter gêmeos, jamais passou pela minha cabeça”, diz a mãe. “Se já me desesperei alguma vez? Todo dia, até hoje”, exagera. “O que me dá medo? A violência, a segurança deles, o futuro”, diz, pensativa.
Para organizar toda a rotina – os dois trabalham fora e há anos não têm empregada –, Cibele conta que a casa é um verdadeiro exército, tudo tem horário definido e as crianças seguem as regras que ela determina com firmeza. “Não dá pra ser diferente, senão as coisas não andam”, diz.
Na escola, cada menino na sua sala, nenhum deles estuda junto de um irmão. A experiência mostrou que essa convivência em sala de aula é contraproducente. “As duas mais velhas estudaram juntas uma época, mas acabava uma se escorando na outra. Não deu certo”, explica a mãe.
Já em casa, a brincadeira envolve todos. Com físico e temperamento totalmente diferentes – cada um nasceu numa placenta –, os cinco se completam. Uma é mais carinhosa, a outra espevitada, uma outra é calma, mais uma é trelosa, o menino é agitado e, no fim, todos são bem unidos. Brigas são mais comuns entre as duas mais velhas e entre todas contra o sapeca Ricardinho. E o motivo, na maioria das vezes, é por quem vai comandar o joystick do videogame. No final, quando o cansaço bate, todos se deitam no grande tapete da sala para comer pipoca e assistir tevê.
Um detalhe interessante é que há duas das meninas que a mãe considera “gêmeas de barrigas diferentes”: Maria Luíza, da primeira gestação, e Maria Fernanda, da segunda. Além de serem as mais parecidas fisicamente, são as que têm mais afinidades e temperamentos similares. Não bastasse isso, ambas tiveram a mesma doença, megacólon congênito, um mal raro que só ocorre na razão de 1 para 1 milhão de nascimentos.
Como as despesas são altíssimas na casa dos Germano, as crianças já sabem – e aceitam bem – que não vão ganhar presentes dos pais. No Natal eles ganham tênis e roupas; no Dia das Crianças, mochilas novas. Para comemorar, vão todos para a sede do condomínio onde moram, que nesta quinta-feira estará repleta de crianças e com diversas atividades divertidas, além de piscina, pula-pula, algodão doce e pipoca.
Para finalizar a visita, a reportagem não podia deixar de perguntar às crianças se elas pensam em ter muitos filhos. As mais velhas olham de lado, com expressão de que não estariam dispostas a tanto. Ricardinho, exagerado, diz que vai ter oito. Maria Fernanda, a meiga, quer repetir a façanha da mãe, com cinco rebentos. E Maria Carolina, que não é besta nem nada, responde: “Deixa eu crescer primeiro e aí eu resolvo”.
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