Falar de ecologia e de preocupações ambientais pode ser muito bonito e grande parte das pessoas que vêm morar em Aldeia – que fica dentro de uma Área de Proteção Ambiental – realmente gosta do assunto. Mas até que ponto cada cidadão faz sua parte por um mundo mais verde, mais sustentável, com mais saúde e menos poluído?
Visitamos um antigo morador que reconhece que levou tempo até “cair a ficha” da consciência ecológica, mas hoje sabe que, com pequenas atitudes, cada ser humano pode dar sua contribuição e multiplicar exemplos. Ele é empresário do ramo imobiliário, tem 70 anos e, desde a década de 1970, possui uma granja de cinco hectares na Chã da Peroba, no km 6,5. Conheça o que Roberto Souza Leão faz para preservar o meio ambiente.
A visita à propriedade começa pela área de mata fechada. É literalmente fechada, pois até um portão separa a área que ele reservou para desfrutar como moradia (de dois hectares) de outra, de três hectares, que destinou para a natureza fazer seu trabalho à vontade.
Este exuberante pedaço de mata nativa, lembra ele, chegou a ser castigado por dois grandes incêndios em anos de secas violentas, décadas atrás. Mas muitas árvores ficaram de pé e nos últimos anos a floresta recebeu uma ajudinha do empresário.
“Selecionei diversas espécies de mudas e construí um corredor ecológico de 400m x 80m. Meu vizinho, Alex Norat, fez também sua parte e hoje temos uma faixa de floresta que vai até aquela mata que se vê na entrada da Peroba”, conta Roberto. Foram pelo menos mil mudas de 30 espécies nativas da Mata Atlântica plantadas somente na propriedade dele, que se somaram às 200 plantadas pelo vizinho.
O corredor ecológico, segundo Roberto, permite a mobilidade dos animais e contribui com todo o ecossistema da região. Entre as árvores que ele plantou, umas mais altas, outras menos, circulam quatis, esquilos, raposas, capivaras, porcos-espinhos, saguins, preguiças, timbus, entre outros animais silvestres comuns no bioma da região.
Do outro lado da cerca, onde construiu sua casa, Roberto mostra a integração da arquitetura ao meio ambiente. “Muita gente hoje vem morar em Aldeia e constrói casas em estilo americano, sem terraço, climatizada, fechada. Aqui construímos um terraço enorme, que é a parte nobre da casa, a área mais agradável, integrada ao jardim à nossa volta”, explica.
Também para possibilitar o contato com o exterior da casa, os quartos têm portas holandesas, que são aquelas divididas ao meio (metade porta e metade janela), muito comuns nas cidades do interior, com abertura direta para o terraço e o jardim. Ainda na casa onde o empresário mora, a energia do sol aquece a água de torneiras e chuveiros (veja matéria do PorAqui sobre uma casa totalmente movida a energia solar em Aldeia) .
Num rápido passeio pelo jardim, Roberto aponta as diversas fruteiras que plantou e nos mostra a horta que aduba com a compostagem feita ali mesmo. Ele tem frutas que cobrem quase todo o alfabeto, desde abacate, abacaxi, abiu, acerola e araçá até ubaia, passando por banana, cajá, caju, cacau, coco, pitanga, laranja, limão, manga, jabuticaba, lichia, sapoti, tamarindo e muitas outras. E na horta, folhas à vontade, tudo cultivado sem nenhum agente químico.
Do lado oposto à horta, Roberto mantém um galinheiro com uma média de 15 galinhas, o suficiente para abastecer constantemente a casa, onde mora com a esposa Heloísa, e as casas das duas filhas (que já são casadas e têm filhos) com carne e ovos de capoeira.
Para completar o passeio, mostrando que, sem gastar muito dinheiro e poupando ao máximo os recursos naturais, é possível ter uma produção de alimentos, um lugar agradável para morar e um ambiente saudável para legar ao mundo, chegamos às colmeias de uruçu, abelhas sem ferrão que fabricam um mel de excelente qualidade e polinizam todo o pomar de Roberto, e a uma prazerosa ducha de água fresca, mineral, que brota do subsolo sagrado daquele paraíso tão bem cuidado.
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