Parir foi a experiência mais transformadora da vida da aldeiense Daniella Gayoso. Tanto, que ela pariu quatro vezes (uma cesárea, dois partos naturais na água e um que, de tão rápido, nem deu tempo de encher a piscina inflável). E escolheu viver profissionalmente ajudando outras mulheres a dar à luz. Desde o primeiro nascimento que acompanhou como doula, em 2003, até hoje, calcula já ter participado de cerca de 500 partos.
“Desde que tive meu primeiro parto natural, em 2003, senti que queria mostrar às outras mulheres que o ato de parir é empoderador. Que nosso corpo sabe parir e que, depois de darmos à luz, somos capazes de qualquer coisa, pois já conseguimos o maior de todos os milagres”, declara.
Dan, como é mais conhecida nos movimentos de humanização do parto, explica que a cultura moderna tenta mostrar a cesariana como um parto mais seguro e sem dor. Mas que isso acontece porque a medicina vive do lucro e os médicos – em sua maioria – preferem que os partos sejam rápidos, para que possam atender a um número maior de parturientes. “É o que chamamos de industrialização do parto, ou linha de produção”, define.
“O que ocorre muito também é que, quando o parto é normal, a mulher não é respeitada em sua escolha. Nem sempre é consultada sobre a posição em que prefere parir ou se quer que o bebê seja separado dela logo depois do parto. Muitas vezes o parto é violento, com o médico empurrando a barriga para ajudar a expulsar o bebê”, relata.
No parto humanizado, segundo Dan, há sempre a presença de um profissional habilitado, seja parteira, médico ou enfermeiro obstétrico, para garantir que, numa emergência, os riscos sejam controlados. E pode haver a presença da doula, que é a responsável pelo apoio emocional e físico à mulher, ajudando com massagens, aromaterapia, aplicação de compressas e orientações sobre posições e formas de respirar que aliviam a dor.
“A doula é sempre a primeira a chegar e a última a sair no processo do parto”, diz ela. “Geralmente somos chamadas quando a mulher entra em trabalho de parto, ainda em casa, e até ajudamos a decidir a hora de ir para o hospital – quando é o caso. E ficamos até algumas horas depois do nascimento para ajudar na primeira mamada e no banho e alimentação da parturiente”.
O trabalho da doula, na verdade, começa bem antes, quando ela ajuda a gestante a elaborar o plano de parto, discutindo cada detalhe sobre a hora H, orientando sobre as fases do parto e até aplicando massagens relaxantes, se necessário. E só termina com uma visita domiciliar depois do nascimento, já que as alterações emocionais e hormonais da mulher se estendem pelo menos pelos 45 dias do denominado puerpério.+
De acordo com Daniella, o parto natural ainda é mais procurado por mulheres de classe média e média alta porque as informações geralmente não circulam entre as de classe social mais baixas. E, como os médicos que atendem planos de saúde dificilmente se dispõem a realizar esse tipo de parto, muitas mulheres usuárias de planos terminam parindo na rede pública de saúde.
“Hoje temos, por exemplo, o Hospital da Mulher, no Recife, que foi concebido para realizar o atendimento humanizado à gestante e é uma excelente opção para quem quer um parto assim. Lá existe, inclusive, a possibilidade de parto na água”, conta.
Moradora de Aldeia, Daniella trabalha como doula de forma autônoma e participa do Instituto Nômades (que realiza formação de doulas) e do Projeto Boa Hora, de apoio ao parto ativo para casais grávidos. Os serviços de doulagem podem ser contratados em três modelos diferentes, variando no número de visitas domiciliares anteriores ao parto e custam entre R$ 1.200 e R$ 2.000.
Mais informações: (081) 99973-8035.
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