Ela só tem 36 anos de idade, mas há 23 frequenta o universo do ativismo político com foco nos direitos da criança e do adolescente. É jornalista, feminista, e agora candidata a deputada estadual pelo PT. Como se fosse pouco, Sylvia Siqueira Campos acaba de ser escolhida pela paquistanesa e Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, para ser uma das três brasileiras a participar da rede Gulmakai, fundada para fortalecer os movimentos em defesa da educação de meninas em todo o mundo.
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Nesta terça (10), em Salvador, a pernambucana se encontrou pela primeira vez com Malala. Além de pegar um autógrafo (na biografia que comprou em 2011) da paquistanesa, Sylvia teve o privilégio de conversar com Malala durante a visita que ela fez ao projeto de educação voltado à população indígena que foi selecionado na capital baiana.
A história de Malala, bastante conhecida internacionalmente, começou com uma militância bem precoce quando, aos 11 anos, escrevia para a BBC um blog denunciando a opressão sofrida pelas mulheres em seu país e o fato de elas serem proibidas de ir à escola. E aos 14 anos foi a pessoa mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz, por sua luta contra a supressão das crianças e jovens e pelo direito de todos à educação.
Aos 13 anos, Sylvia Siqueira Campos foi levada pelo pai a conhecer a ONG Movimento Infanto-juvenil de Reivindicação (Mirim-Brasil), fundada por Anacleto Julião quando voltou do exílio. Ali ela se envolveu com os projetos e aprendeu muito. Aprendeu sobre direitos humanos, sobre racismo, patriarcado, opressão, sobre como o sistema capitalista influencia a vida das pessoas e de que forma cada cidadão pode participar para modificar a realidade de sua cidade e de seu país.
“Foi incrível receber esse reconhecimento e é um estímulo para continuarmos fortalecendo nossa voz nessa luta. A participação na rede Gulmakai – que era o pseudônimo usado por Malala quando ela escrevia o blog – vai nos ajudar tanto no apoio às organizações que trabalham com essas bandeiras como no desenvolvimento de habilidades técnicas de fala, escrita e formulação de políticas públicas”, explica Sylvia em entrevista ao PorAqui diretamente de Salvador.
“Veja que coincidência”, diz ela, “há uns três meses eu encontrei a biografia de Malala, que tinha comprado num aeroporto na África e que li durante a viagem para casa, em 2011. Foi uma inspiração muito grande e agora uma surpresa muito feliz”, comemora.
A Mirim-Brasil, da qual foi presidente e teve que desincompatibilizar este ano para se candidatar, também foi selecionada pelo Fundo Malala e vai receber um apoio para os projetos de incidência em políticas públicas de educação para meninas quilombolas e indígenas. A ONG pernambucana hoje faz parte da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), da Secretaria Geral do Fórum Latino-Americano e Caribenho de Juventudes e do Movimento Internacional de Educação Socialista (IFMSEI).
Em pleno planejamento de campanha, a jornalista conta que sua candidatura surgiu de uma forma natural, e naturalmente terá como pilares as causas feministas e a defesa da educação e dos direitos das crianças e dos adolescentes. Duas causas necessárias e urgentes, assim como a luta de Malala e das tantas mulheres que sua história inspira ao redor do mundo.
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