Construir uma floresta. Este era o sonho de infância de Mozart Souto, empresário de Aldeia, que há seis anos está plantando guanandis no km 16,5. Depois de assistir uma reportagem na televisão sobre a árvore (de nome científico Calophyllum brasiliensis), não esperou nenhum minuto: encomendou 6 mil sementes a uma empresa de São Paulo e começou a produzir suas mudas. Hoje o pequeno bosque, de três hectares, já tem árvores de até oito metros de altura e é lá que ele encontra o grande prazer de ver a floresta crescer e sentir o perfume amadeirado das flores brancas do guanandi.
Ao mesmo tempo em que viu, na reportagem, uma oportunidade de ganhar dinheiro com o sítio de 8 hectares que tinha no km 16,5, Mozart vislumbrou também a chance de plantar seu próprio bosque e, mais: de construir uma floresta que um dia seja aberta à visitação pública. “De uma coisa tenho certeza: vou comercializar a madeira, a partir de 2030, mas vou deixar pelo menos 200 árvores preservadas para sempre”, afirma.
Empresário, dono de uma loja de pedras em Aldeia, ele diz que se tivesse feito faculdade certamente teria escolhido Botânica ou Turismo. Daí o desejo de unir as duas áreas e um dia ter uma espécie de parque botânico onde o público possa passear entre as árvores e estreitar o contato com a natureza.
Investimento de longo prazo
A reportagem que inspirou Mozart a plantar guanandi falava que cada hectare plantado pode render até 1 milhão de reais, o que o empresário considera uma estimativa exagerada. De qualquer forma, é uma madeira muito valiosa e, por sua resistência, vem sendo usada na construção naval desde a época do Império. Também é muito usada na fabricação de móveis finos e na construção civil.
A exploração, no entanto, só começa a ser feita depois de 20 anos, quando as árvores estão com 20 ou 30 metros de altura. Antes disso, são utilizadas as cascas, folhas, sementes e flores, cada uma com suas finalidades específicas.
De acordo com o empresário, que mora em Aldeia desde 2002 (embora frequente a região desde 1985), a espécie é pouco difundida em Pernambuco, mas teve uma adaptação muito boa em suas terras. Nos três hectares que dedicou para o guanandi, estão plantados 5 mil pés que, com os raleios (eliminação de algumas plantas para dar mais condições às outras), resultarão num bosque de 1.500 árvores. E atualmente o valor do m³ é de cerca de R$ 3 mil.
Licença ambiental
Considerada uma das poucas espécies que conseguem aliar preservação ambiental a excelentes rendimentos econômicos, pelo Instituto Brasileiro de Florestas (IBF), o guanandi pode ser utilizado, segundo a legislação, em projetos de reflorestamento.
O empresário de Aldeia conta que o sítio onde planta guanandi era antes essencialmente um canavial. Para realizar o velho sonho de ter sua floresta ele investiu cerca de 40 mil reais até agora e deu entrada na CPRH a um processo para tirar o Documento de Origem Florestal (DOF), que permite a extração de madeira nativa plantada.
A sete quilômetros de sua casa, o bosque de Mozart vai crescendo dia a dia. Pelo menos duas vezes por semana o empresário, que também é apaixonado pela fotografia, inspeciona a área, registrando, medindo e admirando a evolução da sua floresta. Quem quiser conferir, pode dar uma olhada no Flickr dele!
*Este post foi publicado originalmente em setembro de 2017.
Cadastre-se para receber nossa newsletter.