Pernambuco é rota do tráfico de animais silvestres e aqui, infelizmente as práticas de queimadas e desmatamentos são bastante comuns. Esses três fatores resultam num problema sério, que é o grande número de bichos com mutilações ou sem condições de voltar à natureza.
Mas o que acontece com esses animais? Como não podem mais ser soltos e seguir sua vida na natureza, deveriam ser eutanasiados, ou seja, sacrificados. Mas eles permanecem no Centro de Triagem de Animais Silvestre (Cetas Tangara), da CPRH, em Aldeia.
Acontece que o espaço do Cetas também tem limites, e todo dia chegam novos animais. Foi aí que o biólogo André Maia, do Trilogiabio – empresa privada de educação ambiental – teve a ideia de criar um refúgio para animais silvestres inaptos a voltar para seu habitat natural, onde eles possam ganhar uma nova vida e ainda servirem para as atividades educativas de preservação ambiental.
Para construir o refúgio, no entanto, André diz que precisa da ajuda de toda a sociedade: moradores e empresários. Ele criou uma vaquinha online (www.catarse.me/refugio_trilogiabio), por onde qualquer pessoa pode colaborar e espera contar com patrocínios de empresas locais, que poderão adotar os recintos dos animais e ter suas marcas expostas no local.
“A gente quer salvar esses animais que sobrevivem a queimadas, desmatamento e tráfico e têm alguma sequela, que pode ser uma mutilação, um problema neurológico ou qualquer outro que o torna inapto a voltar para a natureza. Às vezes, apenas por terem se acostumado à convivência com humanos tornam-se dóceis e não podem ser soltos, porque facilmente cairiam novamente nas mãos de traficantes”, explica André Maia, biólogo responsável pelo projeto.
Além de dar uma vida digna aos animais no refúgio serão oferecidas atividades de educação ambiental, como visitas, imersão (os visitantes poderão entrar em alguns recintos e alimentar os animais) e palestras. O foco será principalmente no público infantil, que poderá crescer com novos valores e maior respeito à fauna silvestre. “Nossa meta é zerar, no futuro, o tráfico de animais”, orgulha-se André Maia.
Entre outras espécies, o refúgio abrigará pássaros, serpentes, gatos do mato, tamanduás, raposas, quatis e guaxinins.
O Trilogiabio já tem 12 anos de atividades de educação ambiental e nos últimos quatro anos vem trabalhando também com resgate e transporte de animais apreendidos, em convênio com a CPRH. A equipe é formada por seis biólogos e dois veterinários.
André Maia, o criador da empresa, tem vários animais silvestres legalizados, que usa nas atividades educativas, e é fiel depositário de uma águia chilena mutilada por tiro de chumbinho, uma arara Canindé com asa e pata mutilada e um casal de tucanos com as asas mutiladas, todos pertencentes à CPRH.
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