O Fórum Socioambiental de Aldeia vai, mais uma vez, atender o convite do governo do Estado para reabrir um canal de entendimento em torno do trecho norte do Arco Metropolitano. O trecho proposto que ligará a BR 101 em Igarassu a BR 408 em São Lourenço cortará áreas em que se concentram vários remanescentes da Mata Atlântica, inclusive o maior bloco da floresta no estado.
Segundo Herbert Tejo, presidente do Fórum, uma data será definida o mais breve possível, para uma reunião com o governo, atendendo ao convite da secretária de Infraestrutura e Recursos Hídricos.
De acordo com Tejo, o Fórum possui propostas de traçados que atenuariam os impactos de degradação irreversíveis ao meio ambiente como o sugerido atualmente. Este, na verdade, o mesmo apresentado em 2014 pelo DNIT que resultou numa tentativa fracassada em função do impasse ambiental
Na última quarta-feira (7), o presidente do Fórum participou de um debate promovido pela Rádio CBN com a secretária de Infraestrutura e Recursos Hídricos de Pernambuco, Fernandha Batista. Mais uma vez, ele apresentou os argumentos que levam a entidade a rejeitar o traçado proposto pelo governo para a obra. Segundo a secretária, ainda não existe definição conclusiva quanto ao traçado do Arco e o edital seria para contratar uma empresa para estudar a questão e elaborar o projeto básico de engenharia para o traçado além do Estudo de Impacto Ambiental.
“A secretária mostrou sensibilidade e abertura para o diálogo, mesmo com a licitação em andamento. Estamos dispostos a, mais uma vez, dar a nossa contribuição para que se faça uma obra que contemple as necessidades da população e do meio ambiente”, assinalou Herbert Tejo, para quem o Fórum já deu provas de que não é contra o Arco. “Só não aceitamos que o governo insista num traçado, como proposto no novo edital, que provocará destruição no pouco que resta da Mata Atlântica na região”, acrescentou.
O traçado proposto pelo Governo corta a APA Aldeia-Beberibe atinge importantes áreas de Mata Atlântica e, inevitavelmente, rasgará o maior bloco de mata ao norte do Rio São Francisco: seja ao leste cortando a Mata da Pitanga, ou mais ao oeste a Mata do Exército, ou Mata do CIMNC (Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti), passando por terras das usinas São José e Petribu.
Pela proposta do Fórum, o Arco contornaria a Unidade de Conservação, no sentido oeste/sul, passando por Araçoiaba e evitando os danos ambientais que viriam com o desenho atualmente sugerido. A proposta, inclusive, seria um elemento impulsionador para desenvolver uma região para a qual, hoje, inexistem alternativas econômicas.
“O Fórum tem como prática e conduta não apontar problemas sem apresentar soluções. Temos uma alternativa viável que possibilitará não apenas solucionar esse impasse que já dura 12 anos e, como consequência resulta em prejuízos enormes para o estado; um problema que, de forma inexplicável, é resultado de uma obstinação do governo em insistir na destruição dos ativos ambientais de uma unidade de conservação 100 % encravada no bioma em extinção, a Mata Atlântica”, diz Herbert Tejo.
Foto/simulação: traçado sugerido pelo governo para o Arco Metropolitano, passando por trechos sensíveis de Mata Atlântica.
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