Como faço diariamente, hoje saí a caminhar pelo condomínio com meu cachorro e um vizinho, que mora em Aldeia há mais de 30 anos. No meio da caminhada, cruzamos com um bando de quatis, vimos um casal de preguiças no topo de uma árvore e quando ia chegando em casa havia um enorme camaleão no muro que separa a minha casa da casa do meu amigo. No passeio, nossa conversa era sobre a natureza de Aldeia. Sobre o que foi e sobre como vai ser essa natureza daqui a alguns anos.
Meu amigo – ele não gosta de se expor – me contava sobre o clima de Aldeia na década de 1980, quando via fumaça saindo da boca nas noites de inverno e neblina na estrada. Aldeia não tinha comércio nem tantos carros na rua. Saguins, preguiças e esquilos eram muito comuns, mas quase sempre eram vistos na mata, numa época em que era comum os moradores fazerem excursões nas matas próximas às suas casas.
Ainda durante nosso passeio falamos sobre a proliferação de condomínios que inundaram Aldeia, a quantidade de gente que veio pra cá sem que houvesse planejamento e comentamos sobre o futuro de nossa região, ameaçada agora por uma rodovia de alta rotatividade, como o arco viário metropolitano, e a não menos ameaçadora Escola de Sargentos do Exército, que se vier para Aldeia vai trazer de uma única vez uma população de cerca de 10 mil pessoas para as nossas redondezas.
Ficamos imaginando o que será de nossa Aldeia em 2050. Talvez nem precisássemos pensar tão longe, mas o que lamentamos muito é pensar que nossos netos e bisnetos poderão não ter o prazer de ver os quatis, preguiças e camaleões que vimos ainda hoje no nosso condomínio, convivendo livres e felizes, apesar de tudo. Haverá algum resquício disso no futuro próximo? Teremos água limpa? Teremos um clima suportável e um ar respirável? Que outras pandemias enfrentaremos por conta do descontrole biológico resultante da ação humana?
É, o passeio foi melancólico e nós voltamos pra casa preocupados e pessimistas. Mas pelo menos me motivei a escrever este artigo, que há muito tempo desejava escrever. Para pedir a todos que tenham mais consciência, mais amor por Aldeia e mais respeito aos animais e à nossa Mata Atlântica. E apelar ao governo do Estado, como vêm fazendo muitos outros moradores de Aldeia em relação ao arco metropolitano: “Arrudeia!”. Preservemos nosso meio ambiente. Dele dependem nossas vidas e de nossos descendentes.
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