Alta velocidade, consumo de álcool, sinalização deficiente, lombadas “invisíveis”, pista esburacada e sem acostamento: a fórmula perfeita para muitos acidentes, sequelas e mortes. Estrada de Aldeia, 28 de outubro de 2020, mais uma pessoa morre em acidente automobilístico próximo à curva do km 4,5. Cecília dos Santos Lima, 49 anos, estava no banco do passageiro do Fiat Uno que se chocou de frente com a caminhonete Hilux dirigida por Francisco de Lima Filho. Francisco teria consumido álcool e entrou errado na curva. O carro onde Cecília estava com o marido capotou, ela ficou presa nas ferragens e morreu no local.
“Moro aqui há 20 anos e já testemunhei diversos acidentes graves e pelo menos cinco mortes aqui na minha porta”, diz Josefa Ferreira, moradora do km 4,5 e uma das primeiras pessoas a chegar ao local do acidente, ontem. Foi o marido dela, Emerson José, quem cortou o cinto de segurança e conseguiu ajudar o motorista do Fiat a sair do carro.
A ocorrência de acidentes na Estrada de Aldeia tem sido constante, embora não haja números oficiais a respeito. Pelas redes sociais os moradores ficam sabendo de batidas e atropelamentos, muitas vezes envolvendo motociclistas, ciclistas e até pedestres. Somente na última semana foram divulgados seis casos, com maior ou menor gravidade (veja as fotos).
O acidente desta quarta-feira, como se viu, foi resultado do consumo abusivo de álcool (o motorista foi conduzido pela Guarda Municipal à Delegacia de Camaragibe e lá foi constatado seu estado de embriaguez, apesar de ele ter recusado usar o bafômetro). Mas na maioria das vezes as ocorrências são fruto da imprudência dos motoristas e, sobretudo, ao excesso de velocidade.
Com a chegada de mais e mais moradores, Aldeia tem se tornado um local bastante movimentado e a PE-27, construída nos anos 1950, não está preparada para isso. O Aldeia da Gente já denunciou diversas vezes o estado lastimável da sinalização e a precariedade do asfalto, dos acostamentos e das lombadas sem pintura adequada. O Fórum Socioambiental de Aldeia também já encaminhou diversos ofícios ao DER e se reuniu com a Secretaria de Transportes pedindo que sejam tomadas providências em nome da segurança da população.
Se a própria arquitetura da Estrada já é perigosa, devido à quantidade de curvas, e sua conservação é tão precária, os motoristas deveriam se controlar ao volante, mantendo uma velocidade segura e tendo mais atenção ao dirigir. Não custa lembrar que famílias inteiras são destruídas em segundos quando essas simples regras de convivência são burladas.
* Foto de capa: Camaragibe Agora
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